7ª
aula
Indoles e Species
indoles
An inborn quality, natural
quality, nature
(este é o termo que dá origem
ao termo português "índole")
Lewis and short:
ind-ŏles, is, f. indu = in-olesco; indoles,
incrementum, industria, Paul. ex Fest. p. 106 Müll.,
I
an inborn or native quality, natural quality, nature
(class.; cf. ingenium).
I
In gen.: quae indoles in savio est! Plaut. Rud. 2, 4, 10: frugum
pecudum, Liv 38, 17, 10: arborum, Gell. 12, 1, 16.—
II In partic., native
quality, natural abilities of men, talents, genius, disposition:
adulescentes bonā indole praediti, Cic. de
Sen. 8, 26: virtutis, id. Off. 3, 4, 16; cf.: virtutum atque
vitiorum, Liv. 21, 4 fin.: major ad virtutem, Cic. Or. 13, 41:
segnis, Tac. A. 12, 26: praeclara, id. H. 1, 15: adulescens
laetae indolis, Gell. 19, 9, 1: gener ob altam indolem adscitus, Liv.
21, 2, 4.—In plur.: bonae animi indoles, Gell. 19, 12, 5.
11.23 "Romana indoles ", inserido
na oração " quin adhuc memorari exempla quae priscis moribus ad
virtutem et gloriam Romana indoles prodiderit " Contexto:
os gauleses queriam ter senadores e por isso davam exemplos de mérito e fama e
glória.
A índole romana, ou seja, o
carácter romano. primeiro, implica que se pode falar de carácter e de
personalidade não só das pessoas, mas também de um povo. Segundo, o verbo que
aparece é prodo, que significa exibir
ou revelar. Assim, a indoles é não
apenas uma marca do carácter (ou mesmo o cáracter), mas algo que se revela, que
se sabe que é assim. vem associado a outros termos, como gloria e virtus. A índole
romana tem por natureza um tensão com a fama e a glória.
12.26 Aparece em acusativo: indolem. " neque enim
segnem ei fuisse indolem ferunt, sive verum, seu periculis commendatus retinuit
famam sine experimento " pois carregasse uma índole preguiçosa/lenta. Aqui,
indoles é utilizado no sentido de "inborne
quality". Ele não era parvo. que ele não era parvo ou é verdade, ou é algo
sem fundamento que lhe cai no colo por fama. Mais uma vez há a relação entre as
características dele (aqui são mesmo nascidas com ele) e a sua fama, ou seja, a
relação com a forma como é visto, como essa indoles
é exibido.
13.15 No acusativo: indolem. "modo ipsus indolem".
O carácter do jovem Britânico. O modo de ser dele que se revelou esse ano e o
tornou popular. Mais uma vez tanto aparece o seu carácter como a forma como é
exibido e visto por outros. Mais à frente, é este carácter de Britânico, que se
revelou na tal noite, que vai fazer com que Nero o mate com veneno.
índole é uma disposição quew
permite medir uma maneira de ser peculiar determinada por características
idiossincráticas -- o modo de ser, o feitio.
Species
a sight, look, view, appearance, aspect,
Traduz ειδοσ e ιδεα -- corresponde precisamente à ideia de aspecto,
aquilo que dá nas vistas. O aspecto existe entre o ponto de vista e o objecto.
A nossa única maneira de aceder às coisas é por uma perspectiva, na qual se vê
um aspecto.
Lewis and Short:
spĕcĭes, ēi (
I
gen. sing. specie or specii, Matius ap. Gell. 9, 14, 15; gen.
and dat. plur. were not in use in Cicero's time, but formarum, formis
were used instead; cf. Cic. Top. 7, 30.—At a later period were
introduced: specierum, Pall. Oct. 14, 15; Cod. Just. 1, 2, 10; Cael.
Aur. Tard. 1, 5, § 151; cf. Charis. p. 18 P.; and Diom. p. 281
P.: speciebus, App. ad Asclep. p. 92, 25; Cod. Just. 11, 9, 1 al.;
Dig. 28, 2, 29, § 10), f. specio.
I
Act., a seeing, sight, look, view (rare;
cf. aspectus): speciem quo vortimus, Lucr. 4, 242; so id. 4, 236
(for which, a little before, visus); 5, 707; 5, 724; Vitr. 3, 2 fin.; 5,
9: si tantis intervallis nostra species potest id animadvertere, id. 9, 4:
qui sensus nostros specie primā acerrime commovent, Cic.
de Or. 3, 25, 98: qui doloris speciem ferre non possunt, id. Tusc. 2,
23, 54.—
II
Pass., prop. that which is seen in a thing, i. e. the outward
appearance, outside, exterior; shape, form, figure,
mien, etc. (freq. and class.; syn. forma).
A
Lit.: praeter speciem stultus, Plaut. Most. 4, 2, 49: quod speciem ac
formam similem gerit ejus imago, Lucr. 4, 52; cf.: quae species formaque
pugnae, qui motus hominum non ita expictus est, ut, etc., outlines,
contours, Cic. Tusc. 5, 39, 114: esse aliquem humanā specie et figurā,
id. Rosc. Am. 22, 63: hominis esse specie deos confitendum est, id.
N. D. 1, 18, 48: edepol specie lepida mulier! Plaut. Rud. 2, 4, 2;
cf.: bellan' videtur specie mulier? id. Bacch. 4, 7, 40; id. Most. 1,
3, 23; id. Mil. 4, 2, 10; 4, 6, 20: urbis speciem vidi, id.
Pers. 4, 4, 2; so, species praeclara oppidi, Cic. Rep. 3, 32, 44; id.
Verr. 2, 4, 58, § 129: sphaerae (Archimedeae), etc., id. Rep. 1, 14, 21:
navium, Caes. B. G. 4, 25; cf.: nova atque inusitata, id. ib. 2, 31:
horribilis, id. ib. 7, 36: agro bene culto nihil potest esse specie
ornatius, Cic. Sen. 16, 57: horum hominum species est honestissima, id.
Cat. 2, 8, 18: ad speciem magnifico ornatu, as to outward appearance,
id. Verr. 2, 1, 22, § 58: populi, id. Rep. 3, 33, 45: nec ulla
deformior species est civitatis, quam illa, in quā
opulentissimi optimi putantur, id. Rep. 1, 34, 51: speciem honesti
habere, the look or semblance of what is right, id. Off. 3, 2,
7: turba majorem quam pro numero speciem ferens, Curt. 3, 2, 3; cf.:
fallaces sunt rerum species, quibus credimus, Sen. Ben. 4, 34, 1.—
2
Something seen, a spectacle, sight, appearance:
ponite itaque ante oculos miseram quidem illam ac flebilem speciem, Cic.
Phil. 11, 3: non tulit hanc speciem furiatā
mente Coroebus, Verg. A. 2, 407 (cf. I. supra).—
3
Trop., that which is seen by the mind, an idea, notion:
hanc illi ἰδέαν appellabant: nos recte
speciem possumus dicere, Cic. Ac. 1, 8, 30; cf. id. Top. 7, 30:
insidebat in ejus mente species eloquentiae, id. Or. 5, 18: excellentis
eloquentiae speciem et formam adumbrabimus, id. ib. 14, 43: species,
forma et notio viri boni, id. Off. 3, 20, 81; cf.: prima sit haec forma
et species et origo tyranni, id. Rep. 2, 29, 51: qui species alias veri
scelerisque capiet, Hor. S. 2, 3, 208: utinam non inanes species anxio
animo figuraret, Curt. 7, 1, 36.—
Possibilidade de diagnóstico da situação -- o perito
é o que sabe resolver com o olhar a situação: o que tem visão de jogo, ou seja,
aquele que consegue ver as oportunidades e as ocasiões e oportunidades. é o
tipo que joga com a cabeça levantada e está a ver, mas ele vê com a mente, ele
"percebe o jogo". Mas quem não sabe nada não consegue ver o que é que
ele faz (há grandes jogadores que só quem percebe de futebol sabe que são
bons). Os gregos tinham claramente a ideia que perceber é fazer -- só vale a
pena treinar para fazer, e só sei aquilo pelo que passei: o treino tenta
simular, de forma mais séria possível, a
situação pela qual vou passar.
B
In partic.
1
A look, show, seeming, appearance, semblance,
pretence, cloak, color, pretext, etc. (opp. that
which is real, actual, etc.).
a
In gen.: obiciuntur saepe formae, quae reapse nullae sunt, speciem autem
offerunt, Cic. Div. 1, 37, 81: ista securitas specie quidem blanda sed
reapse, etc., id. Lael. 13, 47: cujus rei species erat acceptio
frumenti, Sall. J. 29, 4: fraudi imponere aliquam speciem juris, Liv.
9, 11: specie liberā ... re verā, etc., id. 35, 31; cf.: litteras inanis vanā specie libertatis adumbratas esse, id. 33, 31, 2
Weissenb. ad loc.: plurimi ibi a fallaci equitum specie agasonibusque excepti
sunt, id. 7, 15, 7: si dux primam speciem adpropinquantis terroris
sustinuisset, id. 44, 6, 6 Weissenb. ad loc.: quae (nomina) primā specie admirationem, re explicatā risum movent, Cic. Fin. 4, 22, 61: quaedam
humanitatis habent primam speciem ut misericordia, id. Tusc. 4, 14, 32:
similitudinem quandam speciemque sapientium gerere, id. Off. 3, 4, 16:
si speciem utilitatis voluptas habere dicetur, id. ib. 3, 33, 120.—
Hence,
Criação de aparências, ilusões, manipulações, etc
(vêem- se exemplos mais à frente)
sepcie prima: primeira impressão. O primeiro
contacto, o primeiro olhar.
b
Esp. with gen. of that which is assumed or pretended, under
pretext of, under pretence of, etc.
Causa aparente que me leva à
acção -- um arranjo um pretexto.
(a)
With abl.: fortis viros specie quādam virtutis adsimulatae
tenebat, Cic. Cael. 6, 14.—
(b)
With sub: sub specie tutelae liberūm
ejus invasisse regnum, Curt. 9, 2, 7; 10, 6, 21; Liv. 44, 24,
4.—
(g)
With per: per speciem celebrandarum cantu epularum, Liv. 9, 30, 8:
per speciem auxilii Byzantiis ferendi, re ipsā,
etc., id. 39, 35, 4; 40, 13, 8; 42, 52, 8.—
(d)
With in: si quis in speciem refectionis (viae) deteriorem viam facit, Dig.
43, 11, 1, § 2.—Adverb.: in speciem, for a show, as a pretence:
haud dubio in speciem consensu fit ad Poenos deditio, Liv. 24, 1, 8:
dilatā in speciem actione, re ipsā sublatā, id. 3, 9, 13; so,
ad speciem tabernaculis relictis, Caes. B. C. 2, 35 fin.; id. B. G.
1, 51; Quint. Cic. Pet. Cons. 5, 18 al.—
2
Also with gen.: in speciem, after the manner, in the
fashion, like (cf. tamquam; poet.): inque chori ludunt speciem, Ov.
M. 3, 685: in montis speciem curvari, id. ib. 15, 509; cf.:
scorpiones vermiculos ovorum specie pariunt, Plin. 11, 25, 30, § 86.—
3
Pregn., like the Engl. show, for ornament, display, splendor,
beauty (cf.: dignitas, venustas): ut in usum boni sint et in speciem
populo, Plaut. Most. 1, 2, 42: fuit pompa, fuit species, fuit incessus
saltem Seplasiā dignus et Capuā, Cic. Pis. 11, 24: adhibere quandam in dicendo
speciem atque pompam, id. de Or. 2, 72, 294: speciem candoremque caeli, id.
Tusc. 1, 28, 68; cf. id. N. D. 2, 37; 2, 39: specie et motu
capere homines, id. Brut. 62, 224: triumpho praebere speciem, Liv.
34, 52, 10: addere speciem, id. 37, 40; 9, 40: si fortunatum
species et gratia praestat, Hor. Ep. 1, 6, 49; cf. id. ib. 2, 2, 203:
ducit te species, id. S. 2, 2, 35: speciem Saturnia vaccae probat, Ov.
M. 1, 612: juvenis, Juv. 10, 310: corporis, Curt. 7, 9, 19; Vitr.
3, 2.—
C
Transf.
1
Concr. (for simulacrum, i. q. εἴδωγον).
Que quer dizer simulacro
a An
appearance in sleep, a vision, apparition (mostly
poet.), Lucr. 1, 125: repetit quietis Ipsa suae speciem, Ov. M.
9, 473: voce suā specieque viri turbata
soporem Excutit, id. ib. 11, 677: in quiete utrique consuli eadem
dicitur visa species viri, etc., Liv. 8, 6: per nocturnas species, id.
26, 19; cf.: mirabundi velut ad somni vanam speciem, id. 33, 32, 7; Sil.
13, 394; Curt. 3, 6, 7.—
b A
likeness, image, statue: tum species ex aere vetus
concidit ... Et divum simulacra peremit fulminis ardor ... Sancta Jovis species
... Haec tardata diu species tandem celsā
in sede locata, Cic. poët. Div. 1, no sentido de εἰκών.
-- 1737 --
12, 21.—
2
Reputation, honor: o speciem dignitatemque populi Romani,
quam reges pertimescant, Cic. Dom. 33, 89.—
3
The particular thing among many to which the looks are turned; hence, a
particular sort, kind, or quality, a species:
species pars est generis, App. Asclep. p. 78, 26: harum singula genera
minimum in binas species dividi possunt, etc., Varr. R. R. 3, 3, 3; cf.:
genus est id, quod sui similes communione quādam,
specie autem differentes, duas aut plures complectitur partes, Cic. de Or.
1, 42, 189: primum illud genus quaerimus, ex quo ceterae species suspensae
sunt ... Homo species est, ut Aristoteles ait, canis species: commune his
vinculum animal, Sen. Ep. 58, 7; Varr. R. R. 1, 9, 4; id. L.
L. 10, § 18; Cic. Inv. 1, 27, 40; id. Or. 10, 33; id. Top.
18, 68; Quint. 3, 6, 26; 3, 10, 2; 5, 10, 90 al.:
codicillis multas species vestis, argenti specialiter reliquit, many kinds
or sorts, Dig. 34, 2, 19; cf. ib. 41, 1, 7.—
b
In later jurid. lang., a special case: proponitur apud eum species
talis: Sutor puero discenti cervicem percussit, etc., Dig. 9, 2, 5 fin.;
31, 1, 85.—
c In late
Lat., goods, wares (that are classed together; cf.
assortment); publicae, Cod. Just. 1, 2, 10: annonariae, ib. 11, 73, 3:
vendenda sit species, i. e. wine, Pall. Oct. 14, 3.—Esp., spices,
drugs, etc., Macr. S. 7, 8 med.; Dig. 39, 4, 16, § 7; Pall.
Oct. 14 fin.
Existe um prolongamento do aspecto em nós. Seja algo
visto ou ouvido, ou sentido pelo tacto, temos sempre um aspecto de algo,
aspecto esse que se prolonga em nós e nos faz lembrar isso e pensar nisso. Nós
identificamos o carácter das coisas pelo seu aspecto: estás com um ar doente,
está com bom aspecto, determinação categorial e organizativa do que vemos --
corresponde à inteligibilidade ou não inteligibilidade do que é visto.
A ideia que subjaz e corresponde ao fatco de não
haver coisas, mas estados de coisas. Nós não vemos coisas, vemos estados de
coisas; tal como as coisas não são sozinhas, são connosco. As coisas são vistas
sempre por nós, mas não é um relativismo, pois no fundo a perspectiva relativa
é objectivada. Não há perspectivas em si nem aspectos de uma determinada coisa
sem ser para alguém. A tensão de perspectivas possíveis não é apenas a
perspectiva de outros, mas a possibilidade de outras perspectivas nossas. O
problema dos limites do ponto de vista em relação ao interior e exterior. nós
nunca vemos um interior, só vemos um interior quando ele já é exterior, não
temos uma elasticidade de perspectiva que permita ver interiores -- quando eu
cinjo o aspecto ao visto eu posso perceber que o que está apresentado está
esgotado no apresentado e não me permite perceber o interior.
Toda e qualquer situação tem um visto, ou seja, dá
mostra de si, e é isso que nos faz tentar ter situações de resolução do que
está em causa: a expressão do rosto de alguém, o silêncio de alguém, o ambiente
de um bar às duas da manhã, o ambiente de um bar antes de uma cena de pancada.
Também pode ser um espetáculo. algo que dá nas
vistas.
Algo visto pela mente, pelo νουσ, pela mens.
Pode-se observar à
partida, sobretudo quando usado na passiva, a relação entre aquilo que é visto
e a fama, bem como a oposição ao que é real. Ou seja, o carácter meramente
aparente da fama. A ideia de hoje de "ver e ser visto".
Ligação com a indoles: a importância
que há em todo o império de exibir, de estar á vista, bem como a importância de
estar a ver os outros (para ver se é são mais poderosos que nós).
1.3 Descreve o que
resulta da junção de duas casas imperiais " necdum
posita puerili praetexta principes iuventutis appellari, destinari consules
specie recusantis flagrantissime cupiverat"
Manifestava de forma claríssima que lhes destinava consulados. Manifestação, dá
nas vistas.
1.8 " ea sola species adulandi supererat
" A única espécie de adulação que sobreviveu. Neste caso é mesmo uma
espécie no sentido actual do termo. Ou: este foi o único modo de adulação que
sobreviveu. como se vê no ponto 3 do L&S -- a particular kind, sort,
species. também manifestação de
adulação.
1.34 "per
speciem", complemento circunstancial de meio ou instrumento. O soldado
pega na mão de Druso e dá a impressão que vai beija-la, mas mete-a na boca para
ele ver que não tinham dentes.
Criar a aparência, um
bluff que serve de defesa.
1.52 Ele nunca é sincero.
In specie verbis adornata -- as palavras criam ilusão sem que o interior seja
expresso, ele faz uso das palavras para mostrar aquilo que não sente
1.72 No contexto da lex
magistates -- specie legis não é uma espécie de lei, mas uma ilusão de lei que
eles utilizam para fazer o que querem. É aquilo que nós dizemos a brincar
"é uma espécie de filósofo" no sentido até irónico, de dar nas vistas
como tal mas não ser isso, criar a ilusão.
2.5 Cria a ilusão que
permite a Tibério afastar Germânico do controlo das legiões. Aqui aparece como
pretexto.
2.6 O aspecto produzido
-- o aspecto de criação de bluff. Cria uma ilusão.
2.41 No contexto do
cortejo triunfal há uma descrição que do ponto de vista de quem vê -- o teatro
que germânico monta de forma a gerar um interpretação da situação em que se
encontra.
2.19 "Haut perinde Germanos vulnera, luctus, excidia quam ea
species dolore et ira adfecit." Contexto, depois
de uma boa vitória, sem muito sangue derramado pelo romanos, eles prestaram
honras a Tibério. Para marcar isso empilhavam as armas dos derrotados numa
pilha com o nome deles. A vista disso (ea species) causou mais dor e ira aos germanos do que as suas
feridas o seu luto e as suas perdas. Species também como aspecto: o
aspecto daquela pilha causou-lhes dor e ira: o que se vê pode ter grande poder e
influência no comportamento. Aquilo que vemos pode magoar mais do que as
feridas que sentimos.
2.35 A manifestação da
liberdade de Piso. Piso é nomeado como amigo de germânico, mas é ele que depois
o vai assassinar. Mas ele é apresentado com um discurso aparentemente favorável
ao seu aspecto
2.41 " augebat
intuentium visus eximia ipsius species currusque quinque liberis onustus." Ideia de ser admirável, ser espetacular, aquilo que dá nas
vistas
2.68 Cria-se a ilusão de que
se vai á caça para se assassinar. " specie venandi".
3.30 há uma aparência da
amizade mais do que uma força da amizade. Oposição entre species e vis.
3.60 " magnaque
eius diei species fuit quo senatus maiorum beneficia ".
igual a 2.41. O brilhantismo de um dia. Aquilo com que ficamos de um dia é um
ideia de como foi: um dia bom, um dia mau.
3.65 Uma specie
religionis, uma falsa religião
4.57 Está a sair de Roma e
cria a ilusão de que vai ver templos. Depois cria a ilusão de que vai voltar,
escreve cartas a dizer que um dia volta para criar essailusão.
4.6 " sua
consulibus, sua praetoribus species" os cônsules e
praetores mantinham o prestígio. Associação entre o prestígio e o que é visto:
prestígio é ser visto de determinado modo. Há coisas que moldam o modo como se
vê e é visto. Componente intrinsecamente avaliativa que constitui o olhar. O
olhar vê sempre mais do que é perceptível exclusivamente pelos sentidos. O
olhar vê sempre mais do que está a ver: componente metafísica do olhar. Há
componentes tácitas da apresentação do mundo -- quando eu olho para o professor
já sei que ele é professor e isso muda o meu olhar e a minha relação com o que
vejo: não vejo um sujeito, vejo o professor. Nesse sentido, o prestígio está já
nos olhos de quem olha.
Também aparece " spectatissimo" (superlativo), que aparece como reputação, e " spectando" (gerundivo).
4.8 Criar a ilusão da
tristeza.
6.35 " variae
hinc bellantium species" Várias espécies de combate.
Tipos de combate, várias formas de combate. Species como espécie, tal como em
1.8.
6.44 Criando a ilusão da
fuga, criando a ilusão de boa vontade.
11.4 " verum
nocturnae quietis species alteri obiecta, tamquam vidisset Claudium spicea
corona evinctum spicis retro conversis, eaque imagine gravitatem annonae
praedixisset." Acusavam-no de uma visão da noite.
Aquilo que se vê -- To look, to behold. Aquilo que presenciamos pode ser
perigoso: Ex. Um homem que viu o chefe da máfia cometer um crime. Aquilo que
vemos, e que de certa forma sabemos, pode ter consequências graves, porque
revela o que os outros não querem mostrar.
Ideia de sonho. Neste caso
pode ter sido um sonho
11.21 " oblata
ei species muliebris ultra modum humanum et audita est vox 'tu es, Rufe, qui in
hanc provinciam pro consule venies." Uma figura de
mulher. Aquilo que é visto, o aspecto, a figura.
11.31 " ferunt
Vettium Valentem lascivia in praealtam arborem conisum, interrogantibus quid aspiceret,
respondisse tempestatem ab Ostia atrocem, sive coeperat ea species, seu forte
lapsa vox in praesagium vertit" O que ele viu. Aqui species é mesmo ver. Ele olhou do topo
da árvore e viu uma tempestade, que depois se tornou presságio ou profecia. No
olhar dele, ou melhor, naquilo que ele viu começou o praesagium.
O olhar pode entender-se para lá daquilo que
vê, no sentido metafísico, pois o olhar nunca está limitado ao momento em que
vê -- o que configura o olhar é o tempo (livro A Metafísica).
12.48 Criando a ilusão de
genrosidade
12. X Criando indícios de
revolução
13.24 "Fine anni statio cohortis adsidere ludis solita
demovetur quo maior species libertatis esset" no
sentido de apresentação, ou mesmo de espectéculo. Mais uma vez o olhar metafísico.
Um Aquilo que se vê é categorizado pelo olhar. por outro lado, pode ser uma
ilusão de liberdade
13.27 "quin et manu mittendi duas species institutas ut
relinqueretur paenitentiae aut novo beneficio locus."
Mais uma vez a ideia de espécie, de "kind of". Foram instituídas duas
espécies. Falta entender melhor a relação entre esta acepção de species e a outra, que se traduz por
"to look, behold, gaze, etc". Qual a relação entre aquilo que se vê e
uma ordem? Só consigo pensar no facto de o nosso olhar organizar e categorizar
o que se vê, ou melhor, pela ideia de termos, como viu Aristóteles no livr A da
Metafísica, um olhar empírico.
14.16 "quod species ipsa carminum docet"
o que mostra a própria species dos
poemas. Aqui como aspecto, mas não no aspecto visual -- uma expressão do
carácter do poema. No caso, para dizer que os poemas dele não prestavam. A
species do poema é, aqui, quase a "essência" do poema; ou a qualidade
do poema. Está mais uma vez em causa o carácter avaliativo do olhar -- não se
tem um olhar neutro perante as coisas: se nos pedirem um juízo sobre algo,
parece que estamos sempre prontos a dar. O olhar não é um olhar
indiferente. (em que casos se pode
contrariar isto? Não me ocorrem exemplos... a não ser quando estamos
distraídos. Mas quando estamos distraídos estamos a ver, ou a ouvir? Não
sei...) Neste parágrafo, parece ter o sentido de carácter, se é que se pode
falar do carácter de um poema; ou do aspecto que revela o carácter...
15.48 "is Calpurnio genere ortus ac multas insignisque
familias paterna nobilitate complexus, claro apud vulgum rumore erat per
virtutem aut species virtutibus similis." Traduzido
por " Piso had a splendid reputation with the people from
his virtue or semblance of virtue." Aqui como
aspecto, mas um aspecto que é também uma espécie de, é uma "kind of
Virtue",ou pelo menos visto como sendo da espécie dos virtuosos, por isso
é que tem uma parecença de virtude. Mais uma vez se enfatiza o facto de ele ser visto como virtuoso. O olhar
categoriza e as características são atribuídas às pessoas no olhar. Se ninguém
nunca o tivesse visto, mesmo que ele fosse exactamente igual, seria virtuoso?
Se ele fosse um estrangeiro que nunca ninguém tivesse conhecido ou sequer
ouvido falar de, mas tivesse levado uma vida virtuosa noutra ponta do mundo,
seria ele virtuoso? Neste quadro que Tácito pinta parece que não. Engraçado é
ele ter esta fama, e ajudar os amigos, ser generoso, eloquente, mas ter a
vantagem de ter uma boa estatura e um rosto bonito, o que, segundo tácito, é
uma grande vantagem. Ele está a dizer que ser bonito é uma vantagem para ser
considerado virtuoso, o que acentua esta ideia de ser visto como virtuoso. Ainda assim, o rapaz não se controlava na
luxúria nem punha freio aos prazeres.
16.29 "simul ipsius Thraseae venerabilis species obversabatur;" No passivo: ao mesmo tempo a a species venerável d prórpio Thraseae era observada. O aspecto, a
figura, aquilo que é visto.
O interior do humano
corresponde a algo que pode ou não ser detectado, e que pode ser manipulado e
fingido. Podemos iludir, porque a possibilidade de perceber indícios gera a
possibilidade de forjar indícios.
Mores
Costume.
Mas também tem que ver com a
ideia de medida. permite ver a vergonha quando nos portamos mal e a honra
quando nos portamos bem. Corresponde à compreensão da forma como agimos.
Neste sentido existe uma
compreensão de Mores como regra de
acção -- aquilo que é pretendido, que nos faz agir. E nesse mesmo sentido pode
ser compreendido como habitus, ou
seja, como maneira de ser. mas não
apenas maneira de ser, mas como expressão dessa maneira de ser, ou apenas
daquilo que ela está a fazer -- maneira de ser e de agir.
1.4 Descrição de Sejano. A
caracterização de alguém tem em vista àquilo que ela é ou faz. neste caso é o
carácter de sejano -- era um adulador e um bajulador, mas para outros era
supremo. Ele forjava a ilusão de ter vergonha, mas no seu interior (intus) era tomado por uma libido ávido e
supremo de ter coisas.
Estilo de vida
hábito da obediência
Disciplina
aquilo contra o qual se pode
ter desejos
Modo como habitualmente nos
temos perante os outros.
Maneira de ser de uma
determinada geração.
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