6º Aula 14.3.2012
Vita -- (continuação da aula anterior) Aparece
em nominativo e genitivo (genitivo de relação). Compreender as aparições do
termo e os verbos que o caracterizam.
determinação fluvial, que
passa, se esgota e asfixia. Fala-se de um der vivo que é a vida.
1.3 " Ut Agripina vita concessit" - quando a vita de
Agripina passou; quando agripina morreu. A morte de Agripina é o passar da vida
dela. A morte é o último suspiro (quando o spiritus
se espraia), e isso corresponde a não estar mais habitado pelo sopro.
Assim, torna-se mais clara a construção "ut Agripina vita concessit", pois é a vida que se perde, que passa, que a
abandona.
1.9 Período de vida, duration
of life. Neste caso para marcar aquilo
que ele fez durante a vida. O termo vita aparece sempre num contexto de morte.
É algo susceptível de uma avaliação retrospectiva. Esta avaliação está quase
sempre associada às honras e feitos do que chegou ao fim da vida. A vida é
aquilo que se fez com o sopro que se tinha: uma janela de tempo em que há a
possibilidade de viver. "finiuisset vita" tinha dado fim à vida.
Articulação entre vida e dias. Carácter finito mas ilimitado do tempo. O V de
Vita tem provavemente a origem de B, BIta, que tem a raíz de Bios. Tem em foco
o dia, ele nasceu e morreu no mesmo dia. Tem a ver com a duração e o sentido de
estar a ser. De que modo atribuímos determinado peso a isto e não àquilo? Campo
de determinação, horizonte que organiza os dias.
1.17 "ac si quis tot casus vita superaverit, trahi adhuc diversas
in terras ubi per nomen agrorum uligines paludum vel inculta montium accipiant", traduzido por: "If a soldier survives so
many risks, he is still dragged into remote regions where, under the name of
lands, he receives soaking swamps or mountainous wastes."
Se durante a vida ele supera tantos riscos, o que recebe é pouco. Aqui a
oposição com a morte não existe de forma tão explícita, embora esteja
subjacente à vida militar e aos riscos que esta comporta. O que ele está a pôr
em causa é a recompensa por uma vida militar: será que vale a pena, se o
retorno é este? Aqui não existe apenas a ideia de duração, ou de um período
determinado da vida (ele refere várias vezes os 16 anos de serviço
obrigatório), mas também da validade de tal escolha. Aqui, a validade parece ser medida pelas
consequências. Temos uma antecipação maciça do tempo que virá na nossa vida e por isso do tempo que virá antes e do
tempo que veio antes de nós. Tensão relativamente a um fim qualitativo. Há não
apenas uma tensão com as diversas fases da vida, mas um tensão em relação a um
tempo absoluto: o tempo do fim do serviço militar não é o fim da vida e por
isso sobra ainda vida (superavit). Futuro como o que resta. A temporalidade
como sendo o resto: o princípio da nossa vida é já o resto. É isso que gera a
tensão com o fim da vida (ou é gerado pela tensão com o fim da vida). depois do
serviço militar tem de sobreviver = há ainda vida. Abertura a um qualidade de
tempo que é para ser vivida daquele modo.
1.22 "'vos
quidem' inquit 'his innocentibus et miserrimis lucem et spiritum reddidistis:
sed quis fratri meo vitam, quis fratrem mihi reddit?
" Vós restistuisteis a estes inocentes e miseráveis o espírito e luz, mas
que me restitui a mim a vida. relação sujeito objetco é a relação gramatical.
Aparece como complemento directo. A vida não é um valor por si, não é algo que
deve ser mantido; a vida é a possibilidade de viver, de estar a ser. Vida como
duração do tempo que se tem disponível.
1.53 "constantia
mortis haud indignus Sempronio nomine vita
degeneraverat". Todo o parágrafo está marcado por
mortes. Tal como no primeiro ponto, vita aparece num contexto de morte. É
utilizada para referir o fim da vida, ou, como é o caso, aquilo que chega ao
fim com a morte. Ele levou uma vida que degenerava a sua honra e era indigna.
Aqui parece ter o sentido de "duration of live". Mas esta duração é
qualificável por aquilo que se fez durante esse tempo. A vida que levamos, o
que fazemos da vida. A nossa relação com a vida determina vergonha e honra.
1.74 Forma de vida, modo de
vida. Aquilo que fazemos forma a nossa vida. Ele ataca os delatores (acusatores), pois eles difamavam as
pessoas que acusavam mais do que
relatavam os factos. Forma de vida dos delactores. O verbo mostra o modo
como se inicia uma determinada actividade. Ser é estar a ir para dentro de --
não a deslocação, mas a transição para algo diferente: as metáforas espaciais
servem para enfatizar a ideia de transformação, de entrada ou saída de algo.
Neste caso é o modo como alguém leva a sua vida. O sentido horizontal de ser é
estar dentro de. O estar a ir é o nomen
agentis. Estamos a falar de deslocação espacial mas não visamos de todo
essa deslocação (ex. ir às aulas). Instanciação do viver que é continuamente o
estar a ir para, estar a sair de. Compreensão tácita do modo com a vida
acontece.
1.80 "ad finum
vita". o que "fuit" (pret. perfeito resultativo), era este o
modo de ele agir: manter os outros no cargo até
ao fim da vida. Vida tem sempre esta relação com fim.
1.81 O modo como Tibério escolhe
pessoas para o poder. "modo subtractis candidatorum nominibus
originem cuiusque et vitam et stipendia descripsit ut qui forent intellegeretur
;" Os candidatos eram escolhidos pela "
originem cuiusque ", a origem de cada um. Há os nomes
que ele escolhe e depois uma migalhas que sobram para os testas de ferro de
certas facções. As origens eram assinaladas e a Vita (curriculum) e os cargos,
para que fosse percebido quem eram as pessoas escolhidas.
2.31 Alguém é condenado. Mas
geralmente há um período antes de o executar. Neste caso não houve, foi logo
executado. Ele depois instaura um período de 10 dias. Mas, "iuravitque
Tiberius petiturum se vitam quamvis nocenti, nisi voluntariam mortem
properavisset. " A vida é algo que pode ser
interrompido. pode-se tentar evitar isso, mas pode sempre ser interrompido.
Há uma confusão enorme entre
uma pessoa e a sua vida, entre o sujeito da vida e a vida.
2.42. Tibério era generoso.
Verbo implere -- preencher: o fim da vida ser preenchido de nada, ou seja,
esvaziar. implevit finem -- ele enche o fimd a vida, ou, vê o fim da vida cheio
(previsto pelo próprio destino).
2.71 o fim visto de dentro -
morte de germânico. Alguém que está a morrer há alguns dias de envenenamento.
discurso directo de germânico em relação ao fim da vida. Ele tem a ideia nítida
que vai morrer, mas que continuará na memória dos outros se for vingado. morte como saída para fora do jogo, saída
para fora do sítio/tempo onde se fazia caminho. Ideia clara da relação entre o
tempo em que a vida é ceifada e as espectativas. Ex. moreu cedo de mais. Têm de
contar ao meu pai e ao meu irmão por qeu espécie de crime fui dilcaerado e
porque espécie de crime fui acusado e como fui levado à pior das mortes "
miserrimam vitam pessima morte finierim. "-- morte péssima, abaltivo de intrumento, morre-se pela morte.
Fim da vida é um eufemismo para morte, para aquilo que define a nossa essência:
o ser mortal. Determinação da causa da morte, da justiça de tal morte e da
relação com a morte, mas também do impacto dessa morte na vida na vida, morte
como acontecimento da vida, que está dentro da vida.
Dissociação: o si não tem
nada a ver com a fortuna. Circunscrição do tempo e foco na nossa incapacidade
de pensar o que seria não estar vivo. Por isso mesmo ele pede vingança, o
último pedido dele é o de vingança -- tem uma projecção de vingança para além da
morte. Só a vingança permite a
sobrevivência para além da morte (ficar na memória) e a sobrevivência da mulher
e dos filhos.
2.83 Foi em direcção à morte
por causa do estado. "Vita finierit". Ideia de estar em trânsito.
Período de tempo que acaba.
3.30 "Fine
anni concessere vita insignes viri
L. Volusius et Sallustius Crispus" Mesma estrutura de
1.3 : "concessere vita" =
morrer. Sempre que se fala da morte e do "concessere vita" fala-se
depois daquilo que aquele que morre fez durante a vida: quais os feitos, quais
as virtudes e defeitos, mas principalmente quais as honras e títulos.
3.50 "vita
Clutorii in integro est, qui neque servatus in periculum rei publicae neque
interfectus in exemplum ibit". A vida dele ainda está
salva. A situação é da discussão da pena de morte. Será que o que ele fez
merece pena de morte? A determinação de pena de morte é determinada pelas
acções em vida -- não apenas aquela que está sob julgamento, mas também as
anteriores e as dos antepassados. O merecer continuar vivo depende daquilo que
fez até agora com o período da vida. Mas não é apenas isto: depende também do
perigo que pode constituir ele continuar vivo. Será que há perigo em poupar a
sua vida? Será que não se devia marcar o exemplo e condenar o homem à morte? Neste
caso não há apenas uma análise retrospectiva, mas uma projecção futura: o que é
que acontecerá se ele tiver mais vida. Há também o contexto político, que pode
determinar a sua vida: ele pode perder a vida porque é necessário dar o
exemplo. Ou, pelo contrário, pode viver porque não constitui perigo para a
saúde do estado. A vida tem um preço bastante baixo.
3.54 "quod vita populi
Romani per incerta maris et tempestatum cotidie volvitur",
tarduzido por "and that the very existence of the people of Rome is daily at
the mercy of uncertain waves and storms", utilizado no sentido de
existência. A existência do povo romano é revolvida por tempestades, dado que
se habituaram a viver com grandes luxos, tudo à conta das conquistas de
províncias. Modo de vida. Consequências dos modos de vida. Ideia da vita para
além do indivíduo: expansão ao povo que por isso introduz o tempo histórico.
3.69 "At Cornelius Dolabella dum
adulationem longius sequitur increpitis C. Silani moribus addidit ne quis vita
probrosus et opertus infamia provinciam sortiretur, idque princeps diiudicaret." as
pessoas de vida vergonhosa e cobertas de infâmia não deveriam ser eleitas para
as províncias. A vida aqui tem o valor quase contemporâneo de costumes (moris):
a vida é aquilo que se faz com ela. O traço é continuo: a vida é aquilo que se
faz com ela, e aquilo que se faz com a vida tem consequências para a vida que
há de vir, para o tempo que ainda não veio. Compreensão da vita como sequência (e isso implica a noção de temporalidade) de
acções e respectivas consequências. No entanto, não há uma óptica estritamente
causal determinda pela moral, uma perspectiva de recompensa e castigo, pois as
coisas boas acontecem aos maus e as coisas más aos bons ("tristia in bona
et laeta in deterrimus")
4.30 "egenam aquae utramque
insulam referens dandosque vitae usus cui vita concederetur" e "si
quis maiestatis postulatus ante perfectum iudicium se ipse vita privavisset." Aquele a
quem a vida foi poupada deve ter os básicos para manter a vida (por isso não pode
ir para uma ilha sem água)(utiliza-se cocederetur). a segunda tem a ver com o
não pagamento dos delatores se o acusado se suicidasse. Mais uma vez se fala da
vida como oposto da morte. A termo vita é assim referido por contraste: é o
tempo em que se é habitado pelo spiritus; ou melhor, o tempo que dura até o
spiritus se espraiar.
4.35 Memória
para a vida dos que ficam.
4.38 Relação de Tibério com o futuro e com a imagem
que o futuro terá de si.
4.62 "miserandi magis quos abrupta
parte corporis nondum vita deseruerat". Utilizado com desero (abandonar, desertar,
desistir). Um estádio mal construído cai e mata uma multidão. Uns tiveram a
sorte de morrer logo e não ter se suportar a torturas, outros tiveram maior
miséria e tiveram os membros/partes do corpo arrancadas sem a vida os
abandonar. vita deseruerat = morrer, ser abandonado pela vida. Vida mais uma
vez como algo que habita em nós (por uns tempo, como que a título de
empréstimo).
6.29 "Mamercus dein Scaurus rursum
postulatur, insignis nobilitate et orandis causis, vita probrosus": Ele
tinha má fama, e uma vida infame. Vita aparece mais uma vez adjectivada. O que
ele fazia com o tempo dele não era bom.
Vita = aquilo que se faz com o tempo que se tem.
6.39 "fine anni Poppaeus Sabinus
concessit vita," No final do ano ele perdeu a vida; morreu. Morrer é concedere vita, perder
a vida, ser abanado por ela, por isso é que se utiliza a 3ªpessoa do singular.
6.51 " morum quoque tempora illi
diversa: egregium vita famaque quoad privatus vel in imperiis sub Augusto fuit" Quando
foi admitido na casa de augusto tinha uma fama egrégia. Portava-se bem e foi um
bom período da sua vida (uma parte boa do tempo que é a vida). Aqui também está
relacionado com os mores. A vida dele dividiu-se em vários períodos que foram
pautados por comportamentos diferentes. A vida não tem nada a ver com o
carácter, mas com a sequência de acontecimentos e períodos do tempo que se
perde com a morte.
11.6 " ad summa provectos
incorrupta vita et facundia" É a primeira vez que se diz bem da vida de
alguém. Descrição da vida dele. Descreve-se as notas chaves que marcam a sua
existência. Não tem a ver com definição do carácter (a não ser indirectamente),
mas com a forma como isso é visto. Todas as descrições em que ocorre o termo
vita são pautadas por um julgamento de quem olha.
12.39 + uma vez "concessit vita" = morreu
12.43 " navibusque et casibus vita
populi Romani permissa est" A vida dopovo Romano é deixada ao sabor dos
navios, enquanto sustentam África e etc... Vida tem aqui o significado
português: a vida das pessoas de Roma, a sua existência.
12.52 " neque tamen exuli longa
posthac vita fuit: morte fortuita an per venenum extinctus esset, ut quisque
credidit, vulgavere" Mas o exilado não viveu muito depois disso, mas o povo
discutia se foi por morte natural ou envenenamento. Mais uma vez contraste
entre vida e morto: definição de vida por oposição à morte: está-se vivo até à
morte.
13.43 " ferebaturque copiosa et
molli vita secretum illud toleravisse" Tolerava a vida abundande a
"soft" separado no exílio.
Aqui é utilizado para descrever um período da vida e também um modo de via.
Vê-se melhor nesta passagem (embora também esteja presente nas anteriores) o modo
de vida. Não tanto pela descrição dos olhares alheios e seus juízos, mas por
uma descrição com uma certa pretensão de imparcialidade e de mera descrição de
factos. Ideia de que pode corresponde a uma determinada fase da vida um
determinado modo de viver.
14.51 " concessitque vita Burrus,
incertum valetudine an veneno"Morreu Burru, não se sabe se envenenado ou por
doença. (há quase sempre uma suspeita por trás da morte deles). A expressão que
utiliza sempre para a morte é "concedere vita X".
14.55 " et tua quidem erga me
munera, dum vita suppetet, aeterna erunt" enquanto a vida estiver disponível. Suppeto é
be in store, be available, be at hand. Enquanto a vida estiver aqui à mão eu
não me esquecerei de ti. Tem a mesma ideia de concedere vita: o concedere vita
é quando a vida deixa de estar à mão, deixa de estar in store, deixa de estar
disponível para ser vivida.
14.59 " doctoresque sapientiae,
Coeranum Graeci, Musonium Tusci generis, constantiam opperiendae mortis pro
incerta et trepida vita suasisse" Os doutores da sapiência/filosfia X e Y
aconselharam a esperar uma morte firme em vez de (pro) o aconselhar uma vida incerta (incerta,agitada) e trepida (agitada). Definição de vida por
oposição à morte. Por vezes mais vale morrer do que viver de determinado modo.
Definição não só de vida, mas também, como há pouco, de modo de vida.
14.61 " quamquam id sibi vita potius, sed vitam
ipsam in extremum adductam a clientelis et servitiis Octaviae quae plebis sibi
nomen indiderint, ea in pace ausi quae vix bello evenirent" Há algo mais
valioso que a vida, mas a própria vida
dela corria perigo...
15.11 " se fidem interim, donec vita suppeditet,
retenturos." Situação de
guerra. Ele disse que eles se manteriam (se aguentariam em combate) fieis
enquanto durasse a vida. Duração: a vida tem uma duração finita e define-se
pelo que acontece nesse intervalo de tempo. Mais uma vez, pela situção de
combate, se percebe que "vita" aparece sempre em situções de morte ou
de proximidade com a morte
15.49 " nam Scaevino dissoluta luxu mens et
proinde vita somno languida" Scaevino dissolveu a mente num sonho
lânguido. Eles está a descrever as circûnstâncias que os levam a querer matar
Nero.
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