Aula 7 – 19.Março.2012 (2ª) – INDOLES
& SPECIES/MORES
Species
Species,ei – raíz em specio (espelho,
especulação), corresponde à ideia de aspecto. Aquilo que dá nas vistas,
traduzido pela nossa “espécie”; traduzido em Cícero por forma.
Em Kant, “Synthesis Speciosa” – a alteração de
perspectiva altera consequentemente a percepção do aspecto. O acesso às coisas
feito através do aspecto.
Sentido português de “Viso” – dar visos de,
mostras de (ideia de aparição). Não circunscrito à visão mas a uma identificação
da perspectiva dada pelos sentidos, de algo que é inteligível.
Specia
prima (à primeira vista) – pode ser aquilo que é visto pela primeira
vez ou a ideia do aspecto que fica em nós, determinado pela nossa perspectiva.
Noção de “estado de coisa” em Wittgenstein – aspecto
exterior, não confundido com o interior. A perspectiva nunca vê o interior das
coisas. O interior aberto passa a ser exterior, enquanto interior é sempre
indefinido. Perspectiva gera um isolamento do foco, dando-se em relação com o tempo
(quer seja no campo onírico, fantasia, realidade). Organização geográfica da
perspectiva – identificação determinada pelo contexto. Toda e qualquer situação
dá mostras de si, o que nos leva a tentar definir criticamente uma situação
(crítica como indefinição).
Imago – não restrito a determinações visuais.
ACEPÇÕES DE SPECIES (Lewis&Short)
II – Vista como aparência
III – Ideia – no sentido de configurar, fazer
um retrato. Em grego, manifestação. ιδεα e ειδοσ que correspondem à mesma raiz fid/uid; wissen,
no alemão. Constituição de uma forma de abertura. Tensão entre o ver e o ter
visto.
C. Transf.
I - εἴδωγον:
a. aparição no
sonho, visão onírica.
b. Imagem, estátua,
semelhante verosímil – (Platão: estátua de Apolo não é Apolo. Por outro lado
nunca temos o próprio, senão a representação.)
Interpretação e
Análise do Texto
I.3
Contexto: Situação
que resulta da junção de duas casas imperiais. Há manipulação do senado, feita
por Octavio César Augusto, porque pretende dar-lhes a possibilidade de ter
ambições imperiais. Manipula filhos de Agripa (que ainda não tinham a toga que
representava as ambições).
nam genitos Agrippa Gaium ac
Lucium in familiam Caesarum induxerat, necdum posita puerili praetexta
principes iuventutis appellari, destinari consules specie recusantis flagrantissime cupiverat
·
Ablativo de causa
·
Specie como aparência da recusa. Fruto da manipulação.
I.4
Contexto: Auto
exclusão de Tibério em Rodes.
ne iis quidem annis quibus
Rhodi specie secessus exul
egerit aliud quam iram et simulationem et secretas libidines meditatum.
accedere matrem muliebri inpotentia
·
Aparente
exílio.
sed Lepidum specie amicitiae deceptos
·
Aparente
amizade
I.34
. et quidam prensa
manu eius per speciem exosculandi inseruerunt digitos ut vacua dentibus ora
contingeret; alii curvata senio membra ostendebant
·
Complemento
circunstancial
·
Simulação.
specie defendendae provinciae
·
Surge no
ablativo.
·
Criar a aparência. Fazer Bluff.
I.52
magis in speciem verbis adornata quam ut penitus sentire crederetur
·
Discurso de Tibério que nunca é sincero.
·
Palavras
como meio de criação de uma aparência.
I.72
primus Augustus cognitionem de famosis libellis specie legis eius tractavit
·
Lex majestatis como pretexto para neutralizar
inimigos. Ilusão de
lei.
I.81
Contexto: Nomeação
dos candidatos a senadores era feita por Tibério, mas criando a ilusão de que
eram escolhidos pela liberdade, mascarada pelas palavras (speciosa verbis).
si gratiae aut meritis confiderent: speciosa verbis
·
Aparência
susceptível de ser desmascarada.
II.5
Contexto: Forma
como se cria uma ilusão que permite Tibério tirar as legiões a Germânico.
Ceterum Tiberio haud ingratum
accidit turbari res Orientis, ut ea specie Germanicum suetis legionibus abstraheret novisque
provinciis impositum dolo simul et casibus obiectaret.
·
Ilusão usada como pretexto.
II.6
Contexto: Descreve-se
como poder naval pela alegria dos militares, faz aumentar o aspecto
aterrorizador da armada.
velis habiles, citae remis augebantur alacritate militum in speciem ac
terrorem
·
Corresponde à ideia de aspecto produzido.
II.41
Contexto: Tibério
pretendia retirar Germânico do placo da guerra e dá o aspecto de fim da guerra,
sem isso ter efectivamente acontecido.
augebat intuentium
visus eximia ipsius species currusque quinque liberis onustus.
·
Visus intuentium captados pela species
·
Aspecto
que conduz a uma interpretação
da situação
II.18
Haut perinde Germanos vulnera, luctus, excidia quam ea species dolore et ira adfecit
·
Visão que afecta com a dor e a ira.
·
Criação da disposição da derrota na ferida,
luto ou pena, mas que não tem que ver com esses conteúdos mas com a paisagem.
II. 35
·
Manifestação da liberdade de Piso.
Aparentemente nomeado como amigo de germânico, sendo que é ele que o vai matar.
II.36
favorabili in speciem oratione vim imperii
tenuit
·
Aspecto favorável, com um propósito contrário.
II.42
nec ideo sincerae caritatis fidem adsecutus amoliri iuvenem specie honoris statuit
struxitque causas aut forte oblatas arripuit.
·
Genitivo de relação
·
Ideia de pretensão
II.68
specie
venandi omissis
maritimis locis avia saltuum petiit
·
Ilusão criada de que se vai à caça.
I.8
ea sola species adulandi supererat
·
Espécie ou manifestação de adulação.
III.30
aetate provecta speciem magis in amicitia
principis quam vim tenuit.
·
Força da amizade
·
Diferença entre uma apresentação do que ficou
de uma amizade com alguém no tempo em que ela tem força, em que é substantiva.
III.55
nam etiam tum
plebem socios regna colere et coli licitum; ut quisque opibus domo paratu speciosus per nomen et clientelas inlustrior habebatur.
· O que dá nas
vistas.
III.60
magnaque eius
diei species fuit quo senatus maiorum beneficia
·
Sentido como é vivido. Brilhantismo de um dia. A memória que fica
do dia é o lastro do seu ter sido, como se um dia tivesse rosto.
III.65.
·
Sentido de religião falsa.
IV.8
Consulesque
sede vulgari per speciem maestatiae sedentis honoris locique admonuit
·
Ilusão de uma tristeza criada.
IV.44
Nepotem, seposuit Augustus in civitatem Massiliensem
ubi specie studiorum nomen exilii tegeretur
·
Ilusão de que vai estudar, como pretexto.
IV.57
Specie dedicandi templa apud Capuam lovi
·
Tibério cria ilusão de que vai criar templos. Acções futuras simuladas.
VI.2
quam deinde speciem fore sumentium in limine curiae gladios?
·
Criar ilusão de que presente é o ponto melhor.
VI.35
·
Formas de combate
VI.44
· Ilusão
de fuga
XI.24
·
Ilusão de retirada.
XI.32
ferunt Vettium Valentem lascivia in praealtam arborem conisum,
interrogantibus quid aspiceret, respondisse tempestatem ab Ostia atrocem, sive
coeperat ea species, seu forte lapsa vox in praesagium vertit.
· Visão
ou profecia.
XII.3
Contexto: Agripina
faz alegação para seduzir Cláudio, sobre pretexto de grau de parentesco.
Praevaluere haec adiuta Agrippinae
inlecebris: ad eum per speciem necessitudinis crebro ventitando
pellicit patruum ut praelata ceteris et nondum
uxor potentia uxoria
·
Alegação como pretexto.
XII.48
·
Cria-se ilusão de generosidade
XII.54
malefacta
sibi impune ratus tanta potentia subnixo. sane
praebuerant Iudaei speciem motus orta
seditione
·
Espécie de revolução
XIII.24
Fine anni statio cohortis adsidere ludis solita de-
movetur quo maior species
libertatis esset,
utque miles
theatrali licentiae non
permixtus incorruptior ageret et
·
Aparência de liberdade
Análise das ocorrências de INDOLES&SPECIES
O interior do humano interpretado como um
aspecto que pode ser detectado, que pode ser escondido e mostrado. Aspecto que
pode ser manipulado, fingido ou ilusório, desfasado da índole.
Estamos num contexto da perspectiva que não
verifica só os indícios, mas que também os cria.
Amizade pode surgir como dolo, na sua
manifestação extrínseca, mas há a possibilidade de chegar à indole, sendo que a species pode não ser ilusória mas corresponde também ao conteúdo
interior.
MORES
Maneira de ser que resulta de uma acção ou dos
humores. Compreensão do que pensamos, agimos ou omitimos. Existe uma
compreensão do que é a mores/costume como regra de acção. Num doente com
Alzhaemer, por exemplo, existe um desfasamento, um comportamento que não
corresponde à maneira de ser.
Maneira de ser expressa pelo comportamento.
I.4
corpus illi laborum tolerans, animus audax; sui obtegens, in
alios criminator; iuxta adulatio et superbia; palam compositus pudor, intus summa apiscendi libido, eiusque causa modo largitio et luxus, saepiusindustria ac vigilantia, haud
minus noxiae quotiens parando regno
finguntur.
·
Descrição de Sejano, não só pela sua
proveniência mas pelos costumes. Caracterização de uma pessoa pelo que é ou
faz. Mores de Sejano como sendo a adulato
e a soperbia. Fazia a manifestação de
poder, mas claramente forjado. Por causa do próprio.
Aula 8 – 21.Março.2012 (4ª) – ADFECTUS
Adfectus,us/ Ajjectus
Termo de proveniência filosófica, que traduz o
grego πάθοσ.
Aristóteles introduz o fenómeno comparando com
campos semânticos de significação diferente (plano emocional/afectivo),
correspondentes à patologia (não anomalia mas como interpretação dos πάθη).
Ética
a Nicómaco 1108b10-20
Τριῶν δὴ διαθέσεων οὐσῶν, δύο μὲν κακιῶν, τῆς
μὲν καθ’ ὑπερβολὴν τῆς δὲ κατ’ ἔλλειψιν, μιᾶς δ’ ἀρετῆς τῆς μεσότητος, πᾶσαι
πάσαις ἀντίκεινταί πως· αἱ μὲν γὰρ ἄκραι καὶ τῇ μέσῃ καὶ ἀλλήλαις ἐναντίαι
εἰσίν, ἡ δὲ μέση ταῖς ἄκραις·ὥσπερ γὰρ τὸ ἴσον πρὸς μὲν τὸ ἔλαττον μεῖζον πρὸς
δὲ τὸ μεῖζον ἔλαττον, οὕτως αἱ μέσαι ἕξεις πρὸς μὲν τὰς ἐλλείψεις ὑπερβάλλουσι
πρὸς δὲ τὰς ὑπερβολὰς ἐλλείπουσιν ἔν τε τοῖς πάθεσι καὶ ταῖς πράξεσιν. ὁ γὰρ
ἀνδρεῖος πρὸς μὲν τὸν δειλὸν θρασὺς φαίνεται, πρὸς δὲ τὸν θρασὺν δειλός·
Nesta passagem Aristóteles identifica três
espécies de disposição: duas de perversão, 1) o excesso (ὑπερβολὴ) e a que se constitui por 2) defeito, e uma
terceira que é a única possibilidade de se constituir a 3) ἀρετή
(excelência/virtude). Todas se opõem umas às outras. Dois são extremos e um que
corresponde ao meio. Encontram-se no plano das ἔξεισ,
disposições ou hábitos.
Plano
da πράξις
Âmbito onde se constituem as acções, onde se
criam, e por onde se passa. Definidas pelas circunstâncias ainda que haja um
carácter de incerteza quanto à sua consequência ou desenlace. Num sentido mais
lato, existe uma coincidência do horizonte da πράξιςs com a
vida humana: é um âmbito aberto às acções, perspectivada como uma travessia, exposta
às intempéries, percorrida com objectivo. πράξις
corresponde à compreensão de que na vida existem problemas. O estado da coisa conduz
à formulação de programas de resolução de problemas.
Compreensão grega de exposição à ira e à busca
de prazer, dado neste âmbito.
Extremos
vs meio
Se dor ou prazer forem excessivos podem
ultrapassar o ponto sem retorno. O desejo obtido leva a uma depressão da
expectativa, após ser alcançado, e por isso alcançar-se um prazer não é visto como
ganho. Mas para Aristóteles, a neutralização da constituição de prazer também
não é propriamente uma virtude – a ἀναισθησία (fechamento ao contacto pela ausência
de sensação). A vida humana sem qualquer contacto de desejo de prazer é
inumana. No entanto a procura do prazer pelo prazer, baseada no desejo, farta, gera
empanturramento.
Relação
com o medo
Neste plano o audaz é um cobarde, já que em vez
de fugir para trás, foge para à frente relativamente ao medo, enquanto o
próprio cobarde intensifica a sensação de medo sem qualquer motivo. Só aquele
que é ἀνδρεῖος
(o que consegue correr oferecendo resistência àquilo que o esmaga) é que
alcança a ἀρετή. O cobarde,
o audaz e o corajoso correspondem a três pontos de vista relativamente ao medo.
Constituição
prática/teórica
Os πάθοσ / πάθη constituem-se
praticamente, e não teoricamente, a situação em que nos encontramos. Os conteúdos
do πάθοσ (edoné/ lupe) não correspondem a uma determinação
teórica, mas constituem a própria vida. Os vectores que geram pólos de
atracção, repulsa ou fuga nunca são numa perspectiva teórica (que não tem que
ver com as coisas, que está impermeabilizado à prática, constituindo-se ela
mesma no prazer. Mesmo a teoria não é isenta ao πάθοσ. Se
não houver um πάθοσ que abra o caminho à teoria (se não
houver o prazer) não há abertura à teoria.) O plano onde estamos metidos, leva-nos
a identificar conteúdos que são nominen
agentis. Descrição de um fenómeno pela descrição do agente desse mesmo
fenómeno.
Dar
conta da situação
Humano está permanentemente desperto para a
situação. φρόνησισ – relativo a diafragma, respiração,
inspiração/expiração, enchimento/esvaziamento; quando uma pessoa dá conta de
si). Formas de acordar para pessoas, situações, que correspondem a um sentido
de conotação ao sentido conotado, para o momento da φρόνησισ,
do acordar (sair da demência).
A medição da vida (dando conta de nós) é tido
como conteúdo patológico.
Ética
a Nicómaco (1105b19-1106a1)
Μετὰ δὲ ταῦτα τί ἐστιν ἡ ἀρετὴ
σκεπτέον. ἐπεὶ οὖν τὰ ἐν τῇ ψυχῇ γινόμενα τρία ἐστί, πάθη δυνάμεις ἕξεις, (20) τούτων ἄν τι εἴη ἡ ἀρετή.
λέγω δὲ πάθη μὲν ἐπιθυμίαν ὀργὴν φόβον θάρσος φθόνον χαρὰν φιλίαν μῖσος πόθον ζῆλον ἔλεον, ὅλως οἷς ἕπεται ἡδονὴ ἢ λύπη· δυνάμεις δὲ καθ’ ἃς παθητικοὶ τούτων λεγόμεθα, οἷον καθ’ ἃς δυνατοὶ ὀργισθῆναι
ἢ λυπηθῆναι ἢ ἐλεῆσαι· ἕξεις δὲ καθ’ (25)
ἃς πρὸς τὰ πάθη ἔχομεν εὖ ἢ κακῶς, οἷον πρὸς τὸ ὀργισθῆναι, εἰ
μὲν σφοδρῶς ἢ ἀνειμένως, κακῶς ἔχομεν, εἰ δὲ μέσως, εὖ· ὁμοίως
δὲ καὶ πρὸς τἆλλα. πάθη μὲν οὖν οὐκ εἰσὶν οὔθ’ αἱ ἀρεταὶ
οὔθ’ αἱ κακίαι, ὅτι οὐ λεγόμεθα κατὰ τὰ πάθη σπουδαῖοι ἢ φαῦλοι, κατὰ δὲ τὰς ἀρετὰς (30) καὶ τὰς κακίας λεγόμεθα,
καὶ ὅτι κατὰ μὲν τὰ πάθη οὔτ’ ἐπαινούμεθα οὔτε ψεγόμεθα (οὐ γὰρ ἐπαινεῖται ὁ
φοβούμενος οὐδὲ ὁ ὀργιζόμενος, οὐδὲ ψέγεται ὁ ἁπλῶς ὀργιζόμενος ἀλλ’ ὁ πῶς), κατὰ
δὲ τὰς ἀρετὰς καὶ τὰς κακίας ἐπαινούμεθα ἢ ψεγόμεθα.
Prazer (ἡδονὴ)/ Sofrimento
(λύπη)
“o desejo, a ira, o medo (…) compaixão: em
geral tudo aquilo que é acompanhado de ἡδονὴ e λύπη” – Todas
as constelações de sentimentos (πάθοσ) estão
contidos no prazer/sofrimento. Todos os acontecimentos da vida são acompanhados
de estados de espírito, que apesar de
não dependerem deles geram tensão. Pode haver uma abertura/fechamento ao
sentido da acção. Possibilidade de variação. Exposição a um agente.
Abertura/fechamento à compreensão (conversas de mudos). Depressão – δυνάμεισ de agentes depressores. Compaixão
(édipo/medeia – tragédias) lamento é sentido como prazer.
ἕξεις –
substantivo que significa ter, dispor de; ζοων
λογον ἓχεισ (capax rationis); A aprendizagem dá-se como uma repetição que
visa a aquisição; Formação de um modo de ser; definida como πρὸς τὰ πάθη;
acentuação das circunstâncias adverbiais, como o modo como nos relacionamos com
os pathé.
μέσως – relação
com o meio. A violência do πάθοσ é
definida pelo modo de nos relacionarmos com ele, modo como lemos os sinais. Na
vida não há técnica para lermos.
A interpretação do estado em que podemos ficar
na confrontação com situações/sítios/pessoas, é possível devido a uma
estimulação.
Possibilidade
de manipulação
Tendemos a fazer uma simulação prévia dos
estados possíveis pelos quais passamos na situação a ocorrer que é também parte
do trabalho das ἡδονὴ, λύπη. Sem
estarmos lá, mas na proximidade, podemos fazer uma espécie de previsão, um
ensaio que conduz ao despertamento antecipado dos estados. O λόγος é o que permite
compreender o estado que será consequência da aquisição do prazer ou fuga ao
medo, através da antecipação. Lógica da contenção/abstinência é a da
vergonha/pudor – identificação de uma acção com feia.
Proaíresis
(escolha)
Sentido de antecipação que não está expresso
na própria palavra. Sem antecipação não há escolha. Qual é a natureza deste acontecimento
na natureza humana? 1) ter escolhas disponíveis, 2) criação/surgimento da
oportunidade.
Tanto o fazer uma escolha como nega-la é um “ir”.
Escolha como possibilidade de compreender que negar ira/prazer/medo corresponde
a um conteúdo preterível relativamente ao um conteúdo elegível. Nós
agarramos/esbanjamos oportunidades.
Kinesis
- πάθοσ como uma mudança pelo qual somos afectados,
sem ponto de resolução, como que por uma vontade exterior. Mas pela filtração
do λόγος,
passava a haver uma posição de eleição do sentido, existindo a possibilidade de
mudar a situação onde nos encontramos.
ACEPÇÕES DE ADFECTUS (Lewis&Short)
Affectio
II.A mudança no estado de espírito/corpo –
sentimento como a forma de abertura ao conteúdo do afecto; sentimento como
forma de compreensão. Termo contraposto a habitus; “adfectio est animi aut corporis extempore aliqua de causa commutatio ut,laetitia, cupiditas, metus, molestia, morbus,debilitas, et alia, quae in eodem generereperiuntur,” Cic. Inv. 1, 25, 36 -
Afecção como mudança,
concomitante com o mal, proveniente de um qualquer motivo, na alma ou no corpo,
que se dá numa dada circunstância.
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