quarta-feira, 21 de março de 2012

Fil. Antiga, 7ª sessão (Tomaz Fidalgo)


7ª aula

Indoles e Species

indoles


An inborn quality, natural quality, nature

(este é o termo que dá origem ao termo português "índole")

Lewis and short:

ind-ŏles, is, f. indu = in-olesco; indoles, incrementum, industria, Paul. ex Fest. p. 106 Müll.,

I an inborn or native quality, natural quality, nature (class.; cf. ingenium).
I In gen.: quae indoles in savio est! Plaut. Rud. 2, 4, 10: frugum pecudum, Liv 38, 17, 10: arborum, Gell. 12, 1, 16.—
II In partic., native quality, natural abilities of men, talents, genius, disposition: adulescentes bonā indole praediti, Cic. de Sen. 8, 26: virtutis, id. Off. 3, 4, 16; cf.: virtutum atque vitiorum, Liv. 21, 4 fin.: major ad virtutem, Cic. Or. 13, 41: segnis, Tac. A. 12, 26: praeclara, id. H. 1, 15: adulescens laetae indolis, Gell. 19, 9, 1: gener ob altam indolem adscitus, Liv. 21, 2, 4.—In plur.: bonae animi indoles, Gell. 19, 12, 5.

11.23 "Romana indoles ", inserido na oração " quin adhuc memorari exempla quae priscis moribus ad virtutem et gloriam Romana indoles prodiderit " Contexto: os gauleses queriam ter senadores e por isso davam exemplos de mérito e fama e glória.
A índole romana, ou seja, o carácter romano. primeiro, implica que se pode falar de carácter e de personalidade não só das pessoas, mas também de um povo. Segundo, o verbo que aparece é prodo, que significa exibir ou revelar. Assim, a indoles é não apenas uma marca do carácter (ou mesmo o cáracter), mas algo que se revela, que se sabe que é assim. vem associado a outros termos, como gloria e virtus. A índole romana tem por natureza um tensão com a fama e a glória.

12.26 Aparece em acusativo: indolem. " neque enim segnem ei fuisse indolem ferunt, sive verum, seu periculis commendatus retinuit famam sine experimento " pois  carregasse uma índole preguiçosa/lenta. Aqui, indoles é utilizado no sentido de "inborne quality". Ele não era parvo. que ele não era parvo ou é verdade, ou é algo sem fundamento que lhe cai no colo por fama. Mais uma vez há a relação entre as características dele (aqui são mesmo nascidas com ele) e a sua fama, ou seja, a relação com a forma como é visto, como essa indoles é exibido.

13.15 No acusativo: indolem. "modo ipsus indolem". O carácter do jovem Britânico. O modo de ser dele que se revelou esse ano e o tornou popular. Mais uma vez tanto aparece o seu carácter como a forma como é exibido e visto por outros. Mais à frente, é este carácter de Britânico, que se revelou na tal noite, que vai fazer com que Nero o mate com veneno.
índole é uma disposição quew permite medir uma maneira de ser peculiar determinada por características idiossincráticas -- o modo de ser, o feitio.


Species

a sight, look, view, appearance, aspect,
Traduz ειδοσ e ιδεα -- corresponde precisamente à ideia de aspecto, aquilo que dá nas vistas. O aspecto existe entre o ponto de vista e o objecto. A nossa única maneira de aceder às coisas é por uma perspectiva, na qual se vê um aspecto.

Lewis and Short:
spĕcĭes, ēi (
I gen. sing. specie or specii, Matius ap. Gell. 9, 14, 15; gen. and dat. plur. were not in use in Cicero's time, but formarum, formis were used instead; cf. Cic. Top. 7, 30.—At a later period were introduced: specierum, Pall. Oct. 14, 15; Cod. Just. 1, 2, 10; Cael. Aur. Tard. 1, 5, § 151; cf. Charis. p. 18 P.; and Diom. p. 281 P.: speciebus, App. ad Asclep. p. 92, 25; Cod. Just. 11, 9, 1 al.; Dig. 28, 2, 29, § 10), f. specio.

I Act., a seeing, sight, look, view (rare; cf. aspectus): speciem quo vortimus, Lucr. 4, 242; so id. 4, 236 (for which, a little before, visus); 5, 707; 5, 724; Vitr. 3, 2 fin.; 5, 9: si tantis intervallis nostra species potest id animadvertere, id. 9, 4: qui sensus nostros specie primā acerrime commovent, Cic. de Or. 3, 25, 98: qui doloris speciem ferre non possunt, id. Tusc. 2, 23, 54.—

II Pass., prop. that which is seen in a thing, i. e. the outward appearance, outside, exterior; shape, form, figure, mien, etc. (freq. and class.; syn. forma).


   A Lit.: praeter speciem stultus, Plaut. Most. 4, 2, 49: quod speciem ac formam similem gerit ejus imago, Lucr. 4, 52; cf.: quae species formaque pugnae, qui motus hominum non ita expictus est, ut, etc., outlines, contours, Cic. Tusc. 5, 39, 114: esse aliquem humanā specie et figurā, id. Rosc. Am. 22, 63: hominis esse specie deos confitendum est, id. N. D. 1, 18, 48: edepol specie lepida mulier! Plaut. Rud. 2, 4, 2; cf.: bellan' videtur specie mulier? id. Bacch. 4, 7, 40; id. Most. 1, 3, 23; id. Mil. 4, 2, 10; 4, 6, 20: urbis speciem vidi, id. Pers. 4, 4, 2; so, species praeclara oppidi, Cic. Rep. 3, 32, 44; id. Verr. 2, 4, 58, § 129: sphaerae (Archimedeae), etc., id. Rep. 1, 14, 21: navium, Caes. B. G. 4, 25; cf.: nova atque inusitata, id. ib. 2, 31: horribilis, id. ib. 7, 36: agro bene culto nihil potest esse specie ornatius, Cic. Sen. 16, 57: horum hominum species est honestissima, id. Cat. 2, 8, 18: ad speciem magnifico ornatu, as to outward appearance, id. Verr. 2, 1, 22, § 58: populi, id. Rep. 3, 33, 45: nec ulla deformior species est civitatis, quam illa, in quā opulentissimi optimi putantur, id. Rep. 1, 34, 51: speciem honesti habere, the look or semblance of what is right, id. Off. 3, 2, 7: turba majorem quam pro numero speciem ferens, Curt. 3, 2, 3; cf.: fallaces sunt rerum species, quibus credimus, Sen. Ben. 4, 34, 1.—
   2    Something seen, a spectacle, sight, appearance: ponite itaque ante oculos miseram quidem illam ac flebilem speciem, Cic. Phil. 11, 3: non tulit hanc speciem furiatā mente Coroebus, Verg. A. 2, 407 (cf. I. supra).—
   3    Trop., that which is seen by the mind, an idea, notion: hanc illi ἰδέαν appellabant: nos recte speciem possumus dicere, Cic. Ac. 1, 8, 30; cf. id. Top. 7, 30: insidebat in ejus mente species eloquentiae, id. Or. 5, 18: excellentis eloquentiae speciem et formam adumbrabimus, id. ib. 14, 43: species, forma et notio viri boni, id. Off. 3, 20, 81; cf.: prima sit haec forma et species et origo tyranni, id. Rep. 2, 29, 51: qui species alias veri scelerisque capiet, Hor. S. 2, 3, 208: utinam non inanes species anxio animo figuraret, Curt. 7, 1, 36.—
Possibilidade de diagnóstico da situação -- o perito é o que sabe resolver com o olhar a situação: o que tem visão de jogo, ou seja, aquele que consegue ver as oportunidades e as ocasiões e oportunidades. é o tipo que joga com a cabeça levantada e está a ver, mas ele vê com a mente, ele "percebe o jogo". Mas quem não sabe nada não consegue ver o que é que ele faz (há grandes jogadores que só quem percebe de futebol sabe que são bons). Os gregos tinham claramente a ideia que perceber é fazer -- só vale a pena treinar para fazer, e só sei aquilo pelo que passei: o treino tenta simular, de forma mais séria possível,  a situação pela qual vou passar.
   B In partic.
   1    A look, show, seeming, appearance, semblance, pretence, cloak, color, pretext, etc. (opp. that which is real, actual, etc.).

   a In gen.: obiciuntur saepe formae, quae reapse nullae sunt, speciem autem offerunt, Cic. Div. 1, 37, 81: ista securitas specie quidem blanda sed reapse, etc., id. Lael. 13, 47: cujus rei species erat acceptio frumenti, Sall. J. 29, 4: fraudi imponere aliquam speciem juris, Liv. 9, 11: specie liberā ... re verā, etc., id. 35, 31; cf.: litteras inanis vanā specie libertatis adumbratas esse, id. 33, 31, 2 Weissenb. ad loc.: plurimi ibi a fallaci equitum specie agasonibusque excepti sunt, id. 7, 15, 7: si dux primam speciem adpropinquantis terroris sustinuisset, id. 44, 6, 6 Weissenb. ad loc.: quae (nomina) primā specie admirationem, re explicatā risum movent, Cic. Fin. 4, 22, 61: quaedam humanitatis habent primam speciem ut misericordia, id. Tusc. 4, 14, 32: similitudinem quandam speciemque sapientium gerere, id. Off. 3, 4, 16: si speciem utilitatis voluptas habere dicetur, id. ib. 3, 33, 120.— Hence,
Criação de aparências, ilusões, manipulações, etc (vêem- se exemplos mais à frente)
sepcie prima: primeira impressão. O primeiro contacto, o primeiro olhar.

   b Esp. with gen. of that which is assumed or pretended, under pretext of, under pretence of, etc.
Causa aparente que me leva à acção -- um arranjo um pretexto.
   (a)    With abl.: fortis viros specie quādam virtutis adsimulatae tenebat, Cic. Cael. 6, 14.—
   (b)    With sub: sub specie tutelae liberūm ejus invasisse regnum, Curt. 9, 2, 7; 10, 6, 21; Liv. 44, 24, 4.—
   (g)    With per: per speciem celebrandarum cantu epularum, Liv. 9, 30, 8: per speciem auxilii Byzantiis ferendi, re ipsā, etc., id. 39, 35, 4; 40, 13, 8; 42, 52, 8.—
   (d)    With in: si quis in speciem refectionis (viae) deteriorem viam facit, Dig. 43, 11, 1, § 2.—Adverb.: in speciem, for a show, as a pretence: haud dubio in speciem consensu fit ad Poenos deditio, Liv. 24, 1, 8: dilatā in speciem actione, re ipsā sublatā, id. 3, 9, 13; so, ad speciem tabernaculis relictis, Caes. B. C. 2, 35 fin.; id. B. G. 1, 51; Quint. Cic. Pet. Cons. 5, 18 al.
   2    Also with gen.: in speciem, after the manner, in the fashion, like (cf. tamquam; poet.): inque chori ludunt speciem, Ov. M. 3, 685: in montis speciem curvari, id. ib. 15, 509; cf.: scorpiones vermiculos ovorum specie pariunt, Plin. 11, 25, 30, § 86.—
   3    Pregn., like the Engl. show, for ornament, display, splendor, beauty (cf.: dignitas, venustas): ut in usum boni sint et in speciem populo, Plaut. Most. 1, 2, 42: fuit pompa, fuit species, fuit incessus saltem Seplasiā dignus et Capuā, Cic. Pis. 11, 24: adhibere quandam in dicendo speciem atque pompam, id. de Or. 2, 72, 294: speciem candoremque caeli, id. Tusc. 1, 28, 68; cf. id. N. D. 2, 37; 2, 39: specie et motu capere homines, id. Brut. 62, 224: triumpho praebere speciem, Liv. 34, 52, 10: addere speciem, id. 37, 40; 9, 40: si fortunatum species et gratia praestat, Hor. Ep. 1, 6, 49; cf. id. ib. 2, 2, 203: ducit te species, id. S. 2, 2, 35: speciem Saturnia vaccae probat, Ov. M. 1, 612: juvenis, Juv. 10, 310: corporis, Curt. 7, 9, 19; Vitr. 3, 2.—

   C Transf.
   1    Concr. (for simulacrum, i. q. εἴδωγον). Que quer dizer simulacro

   a An appearance in sleep, a vision, apparition (mostly poet.), Lucr. 1, 125: repetit quietis Ipsa suae speciem, Ov. M. 9, 473: voce suā specieque viri turbata soporem Excutit, id. ib. 11, 677: in quiete utrique consuli eadem dicitur visa species viri, etc., Liv. 8, 6: per nocturnas species, id. 26, 19; cf.: mirabundi velut ad somni vanam speciem, id. 33, 32, 7; Sil. 13, 394; Curt. 3, 6, 7.—

   b A likeness, image, statue: tum species ex aere vetus concidit ... Et divum simulacra peremit fulminis ardor ... Sancta Jovis species ... Haec tardata diu species tandem celsā in sede locata, Cic. poët. Div. 1, no sentido de εἰκών.

-- 1737 --
12, 21.—
   2    Reputation, honor: o speciem dignitatemque populi Romani, quam reges pertimescant, Cic. Dom. 33, 89.—
   3    The particular thing among many to which the looks are turned; hence, a particular sort, kind, or quality, a species: species pars est generis, App. Asclep. p. 78, 26: harum singula genera minimum in binas species dividi possunt, etc., Varr. R. R. 3, 3, 3; cf.: genus est id, quod sui similes communione quādam, specie autem differentes, duas aut plures complectitur partes, Cic. de Or. 1, 42, 189: primum illud genus quaerimus, ex quo ceterae species suspensae sunt ... Homo species est, ut Aristoteles ait, canis species: commune his vinculum animal, Sen. Ep. 58, 7; Varr. R. R. 1, 9, 4; id. L. L. 10, § 18; Cic. Inv. 1, 27, 40; id. Or. 10, 33; id. Top. 18, 68; Quint. 3, 6, 26; 3, 10, 2; 5, 10, 90 al.: codicillis multas species vestis, argenti specialiter reliquit, many kinds or sorts, Dig. 34, 2, 19; cf. ib. 41, 1, 7.—

   b In later jurid. lang., a special case: proponitur apud eum species talis: Sutor puero discenti cervicem percussit, etc., Dig. 9, 2, 5 fin.; 31, 1, 85.—

   c In late Lat., goods, wares (that are classed together; cf. assortment); publicae, Cod. Just. 1, 2, 10: annonariae, ib. 11, 73, 3: vendenda sit species, i. e. wine, Pall. Oct. 14, 3.—Esp., spices, drugs, etc., Macr. S. 7, 8 med.; Dig. 39, 4, 16, § 7; Pall. Oct. 14 fin.

Existe um prolongamento do aspecto em nós. Seja algo visto ou ouvido, ou sentido pelo tacto, temos sempre um aspecto de algo, aspecto esse que se prolonga em nós e nos faz lembrar isso e pensar nisso. Nós identificamos o carácter das coisas pelo seu aspecto: estás com um ar doente, está com bom aspecto, determinação categorial e organizativa do que vemos -- corresponde à inteligibilidade ou não inteligibilidade do que é visto.
A ideia que subjaz e corresponde ao fatco de não haver coisas, mas estados de coisas. Nós não vemos coisas, vemos estados de coisas; tal como as coisas não são sozinhas, são connosco. As coisas são vistas sempre por nós, mas não é um relativismo, pois no fundo a perspectiva relativa é objectivada. Não há perspectivas em si nem aspectos de uma determinada coisa sem ser para alguém. A tensão de perspectivas possíveis não é apenas a perspectiva de outros, mas a possibilidade de outras perspectivas nossas. O problema dos limites do ponto de vista em relação ao interior e exterior. nós nunca vemos um interior, só vemos um interior quando ele já é exterior, não temos uma elasticidade de perspectiva que permita ver interiores -- quando eu cinjo o aspecto ao visto eu posso perceber que o que está apresentado está esgotado no apresentado e não me permite perceber o interior.
Toda e qualquer situação tem um visto, ou seja, dá mostra de si, e é isso que nos faz tentar ter situações de resolução do que está em causa: a expressão do rosto de alguém, o silêncio de alguém, o ambiente de um bar às duas da manhã, o ambiente de um bar antes de uma cena de pancada.
Também pode ser um espetáculo. algo que dá nas vistas.
Algo visto pela mente, pelo νουσ, pela mens.

Pode-se observar à partida, sobretudo quando usado na passiva, a relação entre aquilo que é visto e a fama, bem como a oposição ao que é real. Ou seja, o carácter meramente aparente da fama. A ideia de hoje de "ver e ser visto".
 Ligação com a indoles: a importância que há em todo o império de exibir, de estar á vista, bem como a importância de estar a ver os outros (para ver se é são mais poderosos que nós).


1.3 Descreve o que resulta da junção de duas casas imperiais " necdum posita puerili praetexta principes iuventutis appellari, destinari consules specie recusantis flagrantissime cupiverat" Manifestava de forma claríssima que lhes destinava consulados. Manifestação, dá nas vistas.

1.8 " ea sola species adulandi supererat " A única espécie de adulação que sobreviveu. Neste caso é mesmo uma espécie no sentido actual do termo. Ou: este foi o único modo de adulação que sobreviveu. como se vê no ponto 3 do L&S -- a particular kind, sort, species.  também manifestação de adulação.

1.34 "per speciem", complemento circunstancial de meio ou instrumento. O soldado pega na mão de Druso e dá a impressão que vai beija-la, mas mete-a na boca para ele ver que não tinham dentes.
Criar a aparência, um bluff que serve de defesa.

1.52 Ele nunca é sincero. In specie verbis adornata -- as palavras criam ilusão sem que o interior seja expresso, ele faz uso das palavras para mostrar aquilo que não sente

1.72 No contexto da lex magistates -- specie legis não é uma espécie de lei, mas uma ilusão de lei que eles utilizam para fazer o que querem. É aquilo que nós dizemos a brincar "é uma espécie de filósofo" no sentido até irónico, de dar nas vistas como tal mas não ser isso, criar a ilusão.

2.5 Cria a ilusão que permite a Tibério afastar Germânico do controlo das legiões. Aqui aparece como pretexto.

2.6 O aspecto produzido -- o aspecto de criação de bluff. Cria uma ilusão.

2.41 No contexto do cortejo triunfal há uma descrição que do ponto de vista de quem vê -- o teatro que germânico monta de forma a gerar um interpretação da situação em que se encontra.



2.19 "Haut perinde Germanos vulnera, luctus, excidia quam ea species dolore et ira adfecit." Contexto, depois de uma boa vitória, sem muito sangue derramado pelo romanos, eles prestaram honras a Tibério. Para marcar isso empilhavam as armas dos derrotados numa pilha com o nome deles. A vista disso (ea species) causou  mais dor e ira aos germanos do que as suas feridas o seu luto e as suas perdas. Species também como aspecto: o aspecto daquela pilha causou-lhes dor e ira: o que se vê pode ter grande poder e influência no comportamento. Aquilo que vemos pode magoar mais do que as feridas que sentimos.

2.35 A manifestação da liberdade de Piso. Piso é nomeado como amigo de germânico, mas é ele que depois o vai assassinar. Mas ele é apresentado com um discurso aparentemente favorável ao seu aspecto

2.41 " augebat intuentium visus eximia ipsius species currusque quinque liberis onustus." Ideia de ser admirável, ser espetacular, aquilo que dá nas vistas

2.68 Cria-se a ilusão de que se vai á caça para se assassinar. " specie venandi".

3.30 há uma aparência da amizade mais do que uma força da amizade. Oposição entre species e vis.

3.60 " magnaque eius diei species fuit quo senatus maiorum beneficia ". igual a 2.41. O brilhantismo de um dia. Aquilo com que ficamos de um dia é um ideia de como foi: um dia bom, um dia mau.

3.65  Uma specie religionis, uma falsa religião

4.57 Está a sair de Roma e cria a ilusão de que vai ver templos. Depois cria a ilusão de que vai voltar, escreve cartas a dizer que um dia volta para criar essailusão.

4.6 " sua consulibus, sua praetoribus species" os cônsules e praetores mantinham o prestígio. Associação entre o prestígio e o que é visto: prestígio é ser visto de determinado modo. Há coisas que moldam o modo como se vê e é visto. Componente intrinsecamente avaliativa que constitui o olhar. O olhar vê sempre mais do que é perceptível exclusivamente pelos sentidos. O olhar vê sempre mais do que está a ver: componente metafísica do olhar. Há componentes tácitas da apresentação do mundo -- quando eu olho para o professor já sei que ele é professor e isso muda o meu olhar e a minha relação com o que vejo: não vejo um sujeito, vejo o professor. Nesse sentido, o prestígio está já nos olhos de quem olha.
Também aparece " spectatissimo" (superlativo), que aparece como reputação, e " spectando" (gerundivo).

4.8 Criar a ilusão da tristeza.

6.35 " variae hinc bellantium species" Várias espécies de combate. Tipos de combate, várias formas de combate. Species como espécie, tal como em 1.8.

6.44 Criando a ilusão da fuga, criando a ilusão de boa vontade.
11.4 " verum nocturnae quietis species alteri obiecta, tamquam vidisset Claudium spicea corona evinctum spicis retro conversis, eaque imagine gravitatem annonae praedixisset." Acusavam-no de uma visão da noite. Aquilo que se vê -- To look, to behold. Aquilo que presenciamos pode ser perigoso: Ex. Um homem que viu o chefe da máfia cometer um crime. Aquilo que vemos, e que de certa forma sabemos, pode ter consequências graves, porque revela o que os outros não querem mostrar.
Ideia de sonho. Neste caso pode ter sido um sonho

11.21 " oblata ei species muliebris ultra modum humanum et audita est vox 'tu es, Rufe, qui in hanc provinciam pro consule venies." Uma figura de mulher. Aquilo que é visto, o aspecto, a figura.


11.31 " ferunt Vettium Valentem lascivia in praealtam arborem conisum, interrogantibus quid aspiceret, respondisse tempestatem ab Ostia atrocem, sive coeperat ea species, seu forte lapsa vox in praesagium vertit" O que ele viu. Aqui species é mesmo ver. Ele olhou do topo da árvore e viu uma tempestade, que depois se tornou presságio ou profecia. No olhar dele, ou melhor, naquilo que ele viu começou o praesagium.
 O olhar pode entender-se para lá daquilo que vê, no sentido metafísico, pois o olhar nunca está limitado ao momento em que vê -- o que configura o olhar é o tempo (livro A Metafísica).

12.48 Criando a ilusão de genrosidade

12. X Criando indícios de revolução

13.24 "Fine anni statio cohortis adsidere ludis solita demovetur quo maior species libertatis esset" no sentido de apresentação, ou mesmo de espectéculo. Mais uma vez o olhar metafísico. Um Aquilo que se vê é categorizado pelo olhar. por outro lado, pode ser uma ilusão de liberdade

13.27 "quin et manu mittendi duas species institutas ut relinqueretur paenitentiae aut novo beneficio locus." Mais uma vez a ideia de espécie, de "kind of". Foram instituídas duas espécies. Falta entender melhor a relação entre esta acepção de species e a outra, que se traduz por "to look, behold, gaze, etc". Qual a relação entre aquilo que se vê e uma ordem? Só consigo pensar no facto de o nosso olhar organizar e categorizar o que se vê, ou melhor, pela ideia de termos, como viu Aristóteles no livr A da Metafísica, um olhar empírico.

14.16 "quod species ipsa carminum docet" o que mostra a própria species dos poemas. Aqui como aspecto, mas não no aspecto visual -- uma expressão do carácter do poema. No caso, para dizer que os poemas dele não prestavam. A species do poema é, aqui, quase a "essência" do poema; ou a qualidade do poema. Está mais uma vez em causa o carácter avaliativo do olhar -- não se tem um olhar neutro perante as coisas: se nos pedirem um juízo sobre algo, parece que estamos sempre prontos a dar. O olhar não é um olhar indiferente.  (em que casos se pode contrariar isto? Não me ocorrem exemplos... a não ser quando estamos distraídos. Mas quando estamos distraídos estamos a ver, ou a ouvir? Não sei...) Neste parágrafo, parece ter o sentido de carácter, se é que se pode falar do carácter de um poema; ou do aspecto que revela o carácter...

15.48 "is Calpurnio genere ortus ac multas insignisque familias paterna nobilitate complexus, claro apud vulgum rumore erat per virtutem aut species virtutibus similis." Traduzido por " Piso had a splendid reputation with the people from his virtue or semblance of virtue." Aqui como aspecto, mas um aspecto que é também uma espécie de, é uma "kind of Virtue",ou pelo menos visto como sendo da espécie dos virtuosos, por isso é que tem uma parecença de virtude. Mais uma vez se enfatiza o facto de ele ser visto como virtuoso. O olhar categoriza e as características são atribuídas às pessoas no olhar. Se ninguém nunca o tivesse visto, mesmo que ele fosse exactamente igual, seria virtuoso? Se ele fosse um estrangeiro que nunca ninguém tivesse conhecido ou sequer ouvido falar de, mas tivesse levado uma vida virtuosa noutra ponta do mundo, seria ele virtuoso? Neste quadro que Tácito pinta parece que não. Engraçado é ele ter esta fama, e ajudar os amigos, ser generoso, eloquente, mas ter a vantagem de ter uma boa estatura e um rosto bonito, o que, segundo tácito, é uma grande vantagem. Ele está a dizer que ser bonito é uma vantagem para ser considerado virtuoso, o que acentua esta ideia de ser visto como virtuoso. Ainda assim, o rapaz não se controlava na luxúria nem punha freio aos prazeres.

16.29 "simul ipsius Thraseae venerabilis species obversabatur;" No passivo: ao mesmo tempo a a species venerável d prórpio Thraseae era observada. O aspecto, a figura, aquilo que é visto.

O interior do humano corresponde a algo que pode ou não ser detectado, e que pode ser manipulado e fingido. Podemos iludir, porque a possibilidade de perceber indícios gera a possibilidade de forjar indícios.

Mores

Costume.
Mas também tem que ver com a ideia de medida. permite ver a vergonha quando nos portamos mal e a honra quando nos portamos bem. Corresponde à compreensão da forma como agimos.
Neste sentido existe uma compreensão de Mores como regra de acção -- aquilo que é pretendido, que nos faz agir. E nesse mesmo sentido pode ser compreendido como habitus, ou seja,  como maneira de ser. mas não apenas maneira de ser, mas como expressão dessa maneira de ser, ou apenas daquilo que ela está a fazer -- maneira de ser e de agir.


1.4 Descrição de Sejano. A caracterização de alguém tem em vista àquilo que ela é ou faz. neste caso é o carácter de sejano -- era um adulador e um bajulador, mas para outros era supremo. Ele forjava a ilusão de ter vergonha, mas no seu interior (intus) era tomado por uma libido ávido e supremo de ter coisas.

Estilo de vida

hábito da obediência

Disciplina

aquilo contra o qual se pode ter desejos

Modo como habitualmente nos temos perante os outros.

Maneira de ser de uma determinada geração.

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