• Orações
• De novo, os valores de verdade
34: Somos assim impelidos a aceitar o valor de verdade (Wahrheitswerte) de uma frase como a sua referência (Bedeutung). Por “valor de verdade de uma frase” entendo o fato de uma frase ser verdadeira ou ser falsa. Não existem outros valores de verdade. Por brevidade denomino um deles como “o Verdadeiro” e o outro como “o Falso”. Cada frase declarativa, em relação à qual a referência das palavras é relevante, deve assim ser compreendida como um nome próprio, e a sua referência, caso ela exista, é o Verdadeiro ou o Falso.
• Juízo
A designação dos valores de verdade como objetos pode parecer aqui uma ideia arbitrária. […] O que eu chamo objeto pode ser explicado com maior detalhe somente em conexão com aas noções de conceito e relação. […] Em cada juízo – não importa quão óbvio ele seja – o passo do nível do pensamento (Gedanken) para o nível da referência (Bedeutung) do objectivo (des Objektiven) já foi dado.
• Pensamento, verdade, sujeito, predicado
• A afirmação da verdade em ambos os casos reside na forma do enunciado declarativo e até quando esta não tem a sua força habitual. Por exemplo na boca de um actor no palco a frase: “o pensamento que 5 é um número primo é verdadeiro” contem apenas um pensamento, e na verdade o mesmo pensamento que a frase simples: “5 é um número primo”. Daqui pode retirar-se que a relação do pensamento com o verdadeiro não pode ser comparada com relação entre o sujeito e o predicado. Sujeito e predicado são sempre (do ponto de vista lógico) partes de um pensamento; elas encontram-se no mesmo grau para o conhecimento.
• Sentido, pensamento, referência
Por meio da conexão entre sujeito e predicado chega-se sempre apenas a um pensamento, nunca se passa de um sentido (Sinn) para a sua referência (Bedeutung), nunca de um pensamento para o seu valor de verdade. Movemo-nos no mesmo nível, mas não passamos de um nível para o seguinte. Um valor de verdade não pode ser parte de um pensamento, tampouco como, por exemplo, o Sol, pois o sol não é um sentido, mas um objeto. (35)
• Orações subordinadas
• Uma frase refere-se no discurso directo a uma outra frase e no discurso indirecto a um pensamento. Passamos à consideração das orações subordinadas. (26)
1) Orações substantivas:
a) Infinitivas
b) Interrogativas indirectas
c) Integrantes
2) Adjectivas
3) Adverbiais
• Orações2.
• Há tantas orações quantos elementos na frase:
• Substantivos
• Adjectivos
• Advérbios
• As orações subordinadas substantivas dividem-se em
• completivas: O Pedro disse que o Eusébio fugiu de Moçambique.
• relativas sem antecedente: Tu precisas de quem te dê um par de lambadas.
• As orações subordinadas substantivas são seleccionadas por:
• um verbo: A Maria afirmou que amanhã não há feira.
• um nome: Foi uma alegria que o Benfica tivesse derrotado o Marítimo.
• um adjectivo: Os alunos estão conscientes de que sou um péssimo professor.
• Oração subordinada substantiva completiva Finita ou integrante ou conjuncional
• 1.1. Finita
• As orações subordinadas substantivas completivas finitas são introduzidas pelas conjunções completivas "que" e "se":
• -» Declaro que tu és um bom rapaz.
• -» A Joana perguntou se eu ia faltar.
• Sujeito
«É possível [que o João não venha à festa]»
• «[Isso] é possível»
• «É verdade [que o João é alérgico a morangos]»
• «[Isso] é verdade»;
• Complemento directo
• «O João sabe [que estamos à espera dele]»
• «O João sabe [isso]/[-o]»
• «O conselho lamentou [que não lhe tenha sido comunicada a decisão]»
• «O conselho lamentou[-o]»
• oblíquo (objetivas indiretas, completivas nominais, em Cunha e Cintra):
• «O João insistiu [em [que fôssemos à festa dele]]»
• «*O João insistiu-o» (agramatical)
• «Não me esqueço [de [que estavas doente quando ele nasceu]]»
• «*Não mo esqueço» (agramatical)
• «Durante a Idade Média, os geógrafos não defendiam a ideia [de [que a Terra é redonda]»
• «*Durante a Idade Média, os geógrafos não o defendiam a ideia» (agramatical)
• (como se pode constatar, as completivas que desempenham relações gramaticais oblíquas não podem ser substituídas pelo pronome demonstrativo átono invariável [-o]).
•
• Não finitas (ou reduzidas)
• «[O filme ter ganho o festival] foi surpreendente»
• «[Isso] foi surpreendente»
• «O João lamenta [os pedreiros não terem concluído a obra]»
• «O João lamenta[-o]»
• «Os pais disseram aos miúdos [para vir(em) para casa cedo]»
• «Os pais disseram[-no] aos miúdos»
• Finalmente, é de referir que, como se pode constatar, as orações completivas podem ser selecionadas por verbos (ex.: afirmar, alegar, assegurar, prometer, propor, sugerir, pedir, perguntar, detestar, gostar, lamentar, ...), por adjetivos (ex.: possível, ...), ou por nomes (ex.: verdade, ...).
• Podem ser substituídas por pronomes demonstrativos invariáveis como isto, isso, aquilo.
• «Os críticos disseram [que o filme ganhou o festival]»
• «Os críticos disseram [isso]»
• «*Os críticos disseram» (agramatical)
• «O João prometeu [que telefonava logo à noite]»
• «O João prometeu [isso]»
• «*O João prometeu» (agramatical)
• «Todos lhe perguntaram [se ele afinal vinha à festa]»
• «Todos lhe perguntaram [isso]»
• «*Todos lhe perguntaram»
• Orações relativas
• As orações subordinadas substantivas relativas são introduzidas por pronomes relativos e ocorrem sempre em posição argumental, ou seja, no mesmo contexto em que ocorrem expressões linguísticas com a função de sujeito (cf. 1), de complemento direto (cf. 2), complemento indireto (cf. 3), complemento oblíquo (cf. 4):
• (1) «Quem entregou o trabalho não fará o exame.»
• (2) «O professor elogiou quem entregou o trabalho.»
• (3) «O professor ofereceu o livro a quem entregou o trabalho.»
• (4) «O professor conversou com quem tinha dúvidas sobre o trabalho.»
• As orações subordinadas adjetivas relativas desempenham a função típica dos adjetivos – a função de modificador. Designam-se relativas por se construírem com subordinadores relativos (pronomes ou advérbios), os quais implicam uma relação de correferência com um antecedente de que dependem. Assim, por exemplo, na frase:
• (5) «As revistas queestão no cesto são para rasgar.»
• O pronome relativo que implica uma relação de correferência com «as revistas», o qual funciona como antecedentedaquele. Subjacente à oração relativa «que estão no cesto» está, pois, a oração «as revistas são para rasgar». O pronome relativo que visa as revistas.
• Orações relativas restritivas
• As orações subordinadas relativas restritivas são orações introduzidas por pronomes relativos e têm por função delimitar o universo de seres representado pelo nome que antecede o relativo. Desempenham a função sintática de modificador restritivo.
• «Os alunos que tiverem boa nota receberão uma bolsa de mérito.»
• Orações subordinadas relativas explicativas
• Orações introduzidas por pronomes relativos e têm por função fornecer um esclarecimento adicional acerca do nome que antecede o relativo. Desempenham a função sintática de modificador apositivo e são sempre separadas por vírgulas.
• «O João, que é o melhor aluno da turma, recebeu uma bolsa de mérito.»
• Adverbiais ou circunstanciais
• As orações subordinadas adverbiais são as orações que exercem função de advérbio em relação à oração principal. É muito comum haver verbos e outros termos elípticos nestes e em outros tipos de oração. São orações do períodocompostosindéticas (possuem conjunção). São ligadas à oração principal através da conjunção subordinativa.
• Oração adverbial: circunstância de causal
• Indicam a circunstância da causa. Ex.: a causa de faltar ao trabalho, a causa do choro, a causa da visita. Conjunções causais: porque, porquanto, como, já que, uma vez que, visto que, por isso que, pois, etc.
• Não fui trabalhar, já que peguei gripe.
• Oração Principal: Não fui trabalhar
• Oração Sub. Adv. Causal: já que peguei gripe
• A menina chorava porque havia caído da bicicleta.
• Oração Principal: A menina chorava
• Oração Sub. Adv. Causal: porque havia caído da bicicleta
• Ele foi visitar a prima visto que ela estava com hipertensão.
• Oração Principal: Ele foi visitar a prima
• Oração Sub. Adv. Causal: visto que ela estava com hipertensão
• Comparativa
• Compara com a oração principal (veja: grau). Conjunções comparativas: como, bem como, assim como, mais./menos... (do) que, tão/tanto... quanto/como, tal qual, etc.
• Os olhos dela eram tão lindos quanto era o céu.
• Oração Principal: Os olhos dela eram tão lindos
• Oração Sub. Adv. Comparativa: quanto era o céu
• Ele fazia as coisas mais lentamente que o andar de uma tartaruga.
• Oração Principal: Ele fazia as coisas mais lentamente
• Oração Sub. Adv. Comparativa: que o andar de uma tartaruga
• A multidão gritava mais alto que o som feito pelas caixas de som.
• Oração Principal: A multidão gritava mais alto
• Oração Sub. Adv. Comparativa: que o som feito pelas caixas de som
• Oração subordinada adverbial concessiva
• Indicam uma ideia ou um fato insistente. Conjunções concessivas: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, mesmo quando, apesar de que, se bem que, nem que, posto que, por mais/menos que, malgrado, não obstante, inobstante, em que pese, etc.
• Ele não se mexia por mais que eu tentasse mexê-lo.
• Oração Principal: Ele não se mexia
• Oração Sub. Adv. Concessiva: por mais que eu tentasse mexê-lo
• Ainda que você tente de tudo, nada vai me fazer mudar de ideia.
• Oração Principal: nada vai me fazer mudar de ideia
• Oração Sub. Adv. Concessiva: Ainda que você tente de tudo
• Nem quando eu me atirar de um desfiladeiro ele fará algo assim.
• Oração Principal: ele fará algo assim
• Oração Sub. Adv. Concessiva: Nem quando eu me atirar de um desfiladeiro
• Oração subordinada adverbial condicional
• Indicam a condição, que aquilo só ocorreria se algo estivesse de tal modo. Conjunções condicionais: se, caso, desde que, contanto que, a menos que, a não ser que, sem que, exceto se, salvo se, uma vez que, etc.
• Não farão nada, exceto se me prometerem uma coisa.
• Oração Principal: Não farão nada
• Oração Sub. Adv. Condicional: exceto se me prometerem uma coisa
• Não serão expulsos caso cumpram as nossas regras.
• Oração Principal: Não serão expulsos
• Oração Sub. Adv. Condicional: caso cumpram as nossas regras
• Encomendarei comida a não ser que você não esteja com fome.
• Oração Principal: Encomendarei comida
• Oração Sub. Adv. Condicional: a não ser que você não esteja com fome
• Conformativa
• Indicam a conformidade. É separada com vírgula. Conjunções conformativas: conforme, segundo, consoante, como, de acordo com, etc.
• Conforme o que o médico dizia, o câncer é uma modificação celular.
• Oração Principal: o câncer é uma modificação celular
• Oração Sub. Adv. Conformativa: Conforme o que o médico dizia
• Segundo o que estava escrito na revista, o cantor casou-se com a atriz.
• Oração Principal: o cantor casou-se com a atriz
• Oração Sub. Adv. Conformativa: Segundo o que estava escrito na revista
• O Haiti foi devastado por mais abalos sísmicos, de acordo com o que estava escrito no jornal.
• Oração Principal: O Haiti foi devastado por mais abalos sísmicos
• Oração Sub. Adv. Conformativa: de acordo com o que estava escrito no jornal
• Consecutiva
• Indicam a consequência do fato, o que ocorreu após o fato. Conjunções consecutivas: que (precedido de tal, tão, tanto, tamanho), de modo que, de forma que, de sorte que, tanto que, etc
• Ela assustava os outros de modo que todos acabavam se apavorando.
• Oração Principal: Ela assustava os outros
• Oração Sub. Adv. Consecutiva: de modo que todos acabavam se apavorando
• Estavam tão entusiasmados com a festa que nem perceberam escurecer.
• Oração Principal: Estavam tão entusiasmados com a festa
• Oração Sub. Adv. Consecutiva: que nem perceberam escurecer
• Falavam tão baixo de forma que todos precisavam se aproximar para ouvir.
• Oração Principal: Falavam tão baixo
• Oração Sub. Adv. Consecutiva: de forma que todos precisavam se aproximar para ouvir
• Final
• Indicam a circunstância de fim, a finalidade de tal fato. Conjunções finais: para que, a fim de que, que, porque, etc.
• Queria ir para casa para que pudesse acabar meus deveres.
• Oração Principal: Queria ir para casa
• Oração Sub. Adv. Final: para que pudesse acabar meus deveres
• Largaria meu emprego a fim de que houvesse mais tempo livre.
• Oração Principal: Largaria meu emprego
• Oração Sub. Adv. Final: a fim de que houvesse mais tempo livre
• Gostaria de voltar no tempo para que eu pudesse consertar meus erros.
• Oração Principal: Gostaria de voltar no tempo
• Oração Sub. Adv. Final: para que eu pudesse consertar meus erros
• Proporcional
• Indicam proporcionalidade. Não confunda estas com as comparativas, a proporção indica que se tal fato ocorresse com tal intensidade, outro fato ocorreria com a mesma intensidade. São separadas das orações principais com vírgula. Conjunções proporcionais: à medida que, assim que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos, tanto mais, tanto menos, enquanto, etc. É importante lembrar que essas conjunções iniciam as orações subordinadas adverbiais proporcionais.
• Quanto mais chuva cair, mais enchente haverá.
• Oração Principal: mais enchente haverá
• Oração Sub. Adv. Proporcional: Quanto mais chuva cair
• À medida que aumentar mais a renda per capita, diminuirá assim também o número de pessoas com fome.
• Oração Principal: diminuirá assim também o número de pessoas com fome
• Oração Sub. Adv. Proporcional: À medida que aumentar a renda per capita
• Quanto mais o tempo passava, com mais remorsos do acidente ele ficava.
• Oração Principal: com mais remorsos do acidente ele ficava
• Oração Sub. Adv. Proporcional: Quanto mais o tempo passava
• Temporal
• Indicam o período do tempo em que ocorre a oração principal. Conjunções temporais: quando, enquanto, logo que, assim que, sempre que, antes que, depois que, mal, até que, desde que, etc...
• Isto me ocorre sempre quando estou com raiva.
• Oração Principal: Isto me ocorre
• Oração Sub. Adv. Temporal: sempre quando estou com raiva
• Desde que ele faleceu ela vive tristemente.
• Oração Principal: ela vive tristemente
• Oração Sub. Adv. Temporal: Desde que ele faleceu
• Eu ouvia cochichos na hora em que eu falava.
• Oração Principal: Eu ouvia cochichos
• Oração Sub. Adv. Temporal: na hora em que eu falava.
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