•“O género daquelas coisas que existem no sentido habitual e que começa a dizer-nos respeito (genus[est] eorum, quaecommuniter sunt, haecincipiuntad nos pertinere). “O sexto género é o daquelas coisas que são quasecoisas, como o são o vazioe o tempo (Sextumgenuseorum, quaequasisunt: tamquaminane, tamquamtempus).
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•Noque quer que vejamos ou no que quer que toquemos, diz Platão, não existeo que ele acha que propriamente é ser.Porquanto,estão em fluxo e num contínuo aumento e diminuição (Quaecumque videmusauttangimus, Platoinillisnon numerat, quaeesse proprie putat: fluuntenimetinassiduademintuioneatqueadiectionesunt).”
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•“Nenhum de nós é na velhice o mesmo que foi na juventude; nenhum de nós é nesta manhã o mesmo que foi no dia anterior. Os nossos corpos são levados como as correntes dos rios. O que quer que vejas, corre com o tempo, nenhum dos entes que vemos permanece. Eu próprio, enquanto digo que estas coisas se alteram, me alterei. (Nemonostrumidem estinsenectute, quifuitiuuenis; nemonostrum estidem mane, quifuitpridie. Corpora nostrarapiunturfluminum more. Quicquiduides, curritcumtempore: nihilexhis, quaeuidemus, manet: ego ipse, dum loquormutariista, mutatussum.).
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•“Isto é o que Heraclitoafirma: no mesmo rio não podemos descer e não descer duas vezes. Permanece, com efeito o nome do mesmo rio, mas a água trespassou. Isto é mais patente no rio do que no ser humano, mas também a nós um curso não menos veloz nos torna passado. E por isso me espanta a nossa loucura que amamos tempo a coisa mais fugaz que existe, o corpo e temos medo de vir a morrer um dia, quando cada momento presente é a morte do momento tido anteriormente: queiras tu não temer o que um dia acontecerá, quando está continuamente a acontecer. [hoc est, quodaitHeraclitus: ‘inidem flumenbis descendimusetnon descendimus’. Manetenim idem fluminisnomen, aquatransmissaest. Hoc inamnemanifestius estqua inhomine: sednos quoquenon minusueloxcursos praeteruehit, etideoadmirordementiammostram, quodtantopere amamusrem fugacissimam, corpus, timemusque, nequando moriamur, cumomnemomentummorspriorishabitussit: uistu non timere, nesemelfiat, quodcotidiefit!
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•“Eu disse sobre o ser humano matéria fluida e caduca e vulnerável a todasinfluências. Também o mundo, que é uma coisa eterna e inviolável, muda e não permanece o mesmo. Ainda que todas as coisascom efeito se comportem como se tem comportado, comportam-se de maneira diferente de como se comportaram. Alterama ordem. [De hominedixi, fluuidamatéria etcaduca etomnibusobnóxiacausis: mundusquoque, aeternaresetinuicta, mutaturnecidem manet. Quamuiseinimomniainse habeat, quae habuit, aliterhabetquamhabtuit. Ordinemmutat.]”.
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•No §6, Séneca propõe a tradução de ousiapor essentia: resnecessarianatura continensfundamentumomnium. Em 7, to oné traduzido por “quodest”. E definem-se em 8 seis modos de ser atribuídos a Platão por um amigo que Séneca deixa incógnito.
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•O primeiro modo é o género.Dele dependemtodas as espécies, exquo ceteraespeciessuspensaesunt.Do géneronasce toda a divisão, na qual todas as coisas universalmente estão contidas, a quo nascituromnisdiuisio, quouniuersacomprensasunt. Em 8, as espécies são identificadas: ser humano, ser cavalo, ser cão. Relativamente a estas espécies há algo de comum que lhes serve de vínculo, aliquodomnibusuinculum. Ser animal.
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•Em 12 vemos a especificação desde a diferença genérica até à diferença específica e individual no humano, que é uma diferença no reino animal: O ser humano contem em si diferenças específicas que são as diferentes nações: Gregos, romanos, persas, diferentes cores: brancos, pretos, amarelos. Há também seres singulares: Catão, Cícero, Lucrécio. O que é, então,o mais geral e não tem nada acima de si?É o princípio de todas as coisas. Todas as coisas caem sob ele: illudgenusquodestestgenerale, supra se nihilhabet; initiumrerumest; omniasubillosunt.
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•Do ponto de vista platónico, diz Séneca no §18 as coisas que propriamente são pertencem a um género determinado. São inumeráveis mas postas fora do nosso olhar: innumerabiliahaexsunt, sedextra nostrumpostiaconspectum. Platão chama-lhes ideias: exquibusomniaquaecumqueuidemus, fiuntetad quascunctaformantur. Mas são inmortales, inmutabiles, inuiolabilies. 19:ideaesteorumquaenatura fiunt, exemplar aeternum.
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•Se olhamos para coisas que tocamos em vista de ideias e a partir de ideias, qual é a relação que temos com ideias? Que tipo de relação há entre o paradigma eterno e as coisas que são mortais, mutáveis violáveis (18)?O nosso ponto de vista acede apenas a eidê, a idos (20).
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•Todas as coisas são imaginárias e mostram num tempo determinado apenas uma qualquer face. Nada há nelas que seja estável ou sólido. E nós, contudo, desejamos avidamente essas mesmas coisas, como se estivessem sempre para ser e nós sempre na iminência de as termos. E nós fracos e perecíveis pomos os pés em coisas vãs, mas temos antes de enviar o espírito para aquelas coisas que são eternas: Ergo istaimaginaria suntetad tempusaliquamfaciemferunt, nihilhorum stabilenecsolidumest: etnos tamencumpimus, tamquamaut sempre futura autsempre habituri. Inbecillifluuidiqueinteruana constitimus: ad illamittamusanimum, quaeaeternasunt.
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•Deus permanece em todas as coisas e cuida delas de antemão. O que ele não pode tornar imortal, porque a matéria o proibiu, defendeu da morte e superou o defeito do corpo com a razão: versanset prouidensquemadmodumquaeimmortaliafacerenon potuit, quia matéria prohibebat, defendata morte acrationeuitiumcorporis uincat. (27) Todas as coisas permaneceram com efeito, não porque são eternas, mas porque são defendidas pelo cuidado daquele que as rege. Na verdade, as coisas imortais não requerem tutor. É o grande artifexque conserva este mundo ao superar a fragilidade da matéria com o seu poder: haecconseruatartifexfragilitatemmateriaeui sua uincens.
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•Cada momento é a morte do estado precedente (omnemomentum morspriorishabitussit), o que acontece quotidianamente (quod cotidiefit) e não uma só vez (semel), na hora da nossa morte.
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•Não há nada que seja suficiente para os que estão prestes a morrer, melhor, para aqueles que estão efectivamentejá a morrer. A cada dia, com efeito, estamos mais próximos do último[dia]e todas as horas empurra-nos precisamente para onde temos de cair. (Nihilsatisest morituris, immomorientibus: cotidieenimpropiusabultimo stamuset illoundenobisdadendumest, hora nos omnisimpellit). A nossa cegueira, “inquanta caecitatemensnostrasit”, para este facto é tal que não percebemos que o futuro, o que está para ser, acontece justamente agora e uma parte grande do futuro já aconteceu: hoc quodfuturumdico, cummáxime fit, etparseiusmagna iam factaest.”
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